Divagações: Larry Crowne

O cinema realmente é um lugar mágico. Quando começaram a divulgar os materiais de Larry Crowne , o filme não estava conseguindo me conv...

O cinema realmente é um lugar mágico. Quando começaram a divulgar os materiais de Larry Crowne, o filme não estava conseguindo me convencer. A impressão que eu tinha era que Tom Hanks estava voltando à direção de longas-metragens em uma tentativa de repetir o sucesso de Forrest Gump (a propósito, ele já havia escrito o roteiro e dirigido o nostálgico That Thing You Do!). Ainda assim, entrei sozinha em uma sala de cinema para descobrir qual era a real intenção desse filme e me deparei com pessoas rindo das piadas com força e no momento certo, reagindo de maneira inteligente ao filme. Não importava mais o que tantos críticos de cinema haviam dito e a nota baixa que o filme tem no Internet Movie DataBase (IMDb), Larry Crowne foi uma experiência ótima.

Nesse filme, acompanhamos a história de Larry Crowne (Tom Hanks). Ele trabalha em um mercado e está sempre de bom humor, mesmo que crianças vomitem e ele tenha que ir limpar. No entanto, ele é demitido porque nunca entrou em uma faculdade, mesmo que isso não seja necessário para a função. A justificativa é que a empresa estimula os funcionários a crescerem, mas ninguém avisou isso a ele e muito menos disse que haveria punição se ele não voltasse a estudar. Legal, né? Crowne, no entanto, não é burro ou algo assim. Atolado em dívidas depois de um divórcio, ele percebeu que o mercado de trabalho não estava fácil e resolveu se matricular na universidade local (é tão bom não depender de vestibular).

É nesse ponto que o filme começa a ficar engraçado. Afinal, a faculdade é realmente um local cheio de pessoas bizarras. Além de vários colegas apáticos (que, aos poucos, vão ganhando charme) ele tem que lidar com uma professora mal-humorada chamada Mercedes Tainot (Julia Roberts) e um professor muito rigoroso de economia, Dr. Matsutani (George Takei). O ambiente também é uma ótima oportunidade para fazer novos amigos, como Talia (Gugu Mbatha-Raw), descrita como um espírito livre. Ela o apresenta a uma gangue de motoqueiros de vespa e o ajuda na transição que está vivendo.

A presença de Nia Vardalos como roteirista do filme, ao lado do próprio Tom Hanks, fica bem clara. Mesmo longe das temáticas gregas, ela garante que os personagens sejam cheios de pequenos trejeitos, transmitindo a personalidade através do detalhe. Nesse aspecto se destacam o colega espertão Steve Dibiasi (Rami Malek) e o namorado de Talia, Dell Gordo (Wilmer Valderrama). Assim, o filme ganha em graça e leveza.

No lado oposto a isso, está a personagem de Julia Roberts. A professora Mercedes Tainot tem um péssimo humor, uma má vontade para dar aulas e um casamento destruído. Fica até difícil acreditar que possa existir uma tensão romântica entre ela e qualquer outra pessoa no universo, mas uns drinks a mais podem fazer milagres (detalhe: ela bebe bastante). Embora melhore um pouco no último terço do filme, essa personagem é a única que não inspira muita simpatia e quebra um pouco o clima geral. Aliás, faz tempo que a Julia Roberts não tem acertado o tom.

Com piadas mais adultas (no bom sentido) do que costumamos encontrar por aí, Larry Crowne é uma comédia e nada mais – não há pretensões de dar grandes lições sobre a vida, fique tranquilo. Quem já fez um curso superior vai identificar muitos trechos e se divertir bastante, mas quem ainda não chegou lá também vai se divertir. E lembre-se: estudar sempre vale a pena!

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