Divagações: The Adventures of Tintin
23.1.12
Alguns dias depois de receber o Golden Globe na categoria de Melhor Animação, The Adventures of Tintin estreia no Brasil. Ainda que o país esteja três meses atrasado em relação ao pessoal que teve a oportunidade de conferir o filme em Bruxelas, é difícil saber como será a recepção do público por aqui. O desenho animado conseguiu atingir uma geração de admiradores, mas os quadrinhos não chegam a ser populares. Nos Estados Unidos, a bilheteria não atingiu a casa dos 70 milhões ainda. Ao mesmo tempo, o foco estava em grande parte no público europeu e, ao redor do mundo, o filme está caminhando para os 350 milhões. É bastante, mas está bem longe do sucesso absoluto de Avatar e seus U$ 2.782.275.172,00 (para mais informações sobre arrecadações, acesse o Box Office Mojo).
Nesse novo filme do diretor Steven Spielberg – produzido por Peter Jackson –, Tintin (Jamie Bell) é um jovem e premiado jornalista investigativo com um incrível talento para se meter em confusões e um cachorro muito inteligente, para dizer o mínimo. Em uma inocente feira de rua, Tintin compra a miniatura de um barco que esconde um segredo. Não demora muito e pessoas estranhas começam a persegui-lo por causa do objeto, com destaque para o milionário Sakharine (Daniel Craig). O jornalista acaba sendo sequestrado e para escapar e desvendar o mistério precisa da ajuda do capitão Haddock (Andy Serkis). A perseguição acontece pelo mar, pelo deserto e por outros cenários.
Basicamente, esse é um filme de ação comum com a adição de piratas e outros elementos não tão comuns nas tramas ‘realistas’ de hoje em dia. Nesse sentido a animação acaba servindo para manter certo equilíbrio. Afinal, personagens de quadrinhos, com seus narizes estranhos e trejeitos absurdos, são capazes de muito mais que pessoas normais. The Adventures of Tintin, dessa forma, se mantém fiel ao visual e às possibilidades de todos os seus personagens, ao mesmo tempo em que garante uma estética agradável e bastante convincente para o público atual, que não quer ir para o cinema ver animação de criancinhas, mas um filme onde o herói tem uma arma na mão e efetivamente atira (nunca para matar, mas atira).
A partir disso já se percebe certas ousadias do projeto, que respeita os originais de Hergé sem deixar de ser um filme. Steven Spielberg e Peter Jackson escolheram três talentos britânicos para o roteiro. Steven Moffat, o mais experiente, tem sua estreia no cinema depois de muitos anos se dedicando apenas à projetos inovadores da televisão; Edgar Wright, que também é diretor, é o grande nome por trás de Scott Pilgrim vs. the World; e, por fim, Joe Cornish, recém revelado por Attack the Block. Esse time foi capaz de manter o espírito dos personagens e dialogar com um público novo, que terá em The Adventures of Tintin seu primeiro contato com os quadrinhos belgas.
Aliás, o espectador brasileiro que for assistir ao filme legendado terá uma surpresa em relação aos nomes. Enquanto nossas traduções mantiveram os originais, nos Estados Unidos, Dupond e Dupont se transformaram em Thomson e Thompson (Nick Frost e Simon Pegg). É um pouco estranho, mas não se preocupem: eles continuam atrapalhados como sempre.
Assim, quem for ao cinema conferir poderá ver mais uma vez a magia de Steven Spielberg em ação. The Adventures of Tintin é uma aventura divertida e adequada para toda a família (caso você tenha restrições pessoais a certos temas e palavras, recomendo acessar o guia para pais). Quem tiver a oportunidade deve aproveitar o 3D, que funciona muito bem em animações. E que venha 2013 com The Adventures of Tintin: Prisoners of the Sun.
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