Para variar, antes de falar do filme propriamente dito vou contar uma historinha. Quando eu estava no colégio, era uma menina curiosa, sonhadora e romântica (olha só, que fofo). Um dia, uma amiga me emprestou um livro chamado O Diário da Princesa e eu achei muito legal. Claro que, a essa altura, eu já tinha lido histórias mais complexas e tinha conhecimento de mundo o suficiente para saber que aquilo era absurdo. Ainda assim, era muito legal! Já imaginou? Sua avó que você nem conhece aparece do nada e diz que você – a pessoa mais desastrada do mundo – é uma princesa! Então você começa a ter aulas de realeza, fica famosa e precisa lidar com doces problemas.

Pouco tempo depois, fui assistir ao filme The Princess Diaries. Ele não era exatamente fiel à história original, mas tinha uma trilha sonora legal (não me julguem por isso) e era um romance fofo. O tipo de filme que dá para assistir com a mãe ou as amigas. Quando saiu The Princess Diaries 2: Royal Engagement eu achei que tinha algo estranho com o trailer, descobri que não era baseado na continuação do livro (que eu não li porque minha amiga não comprou, mas achava que também deveria ser legal), acabei ficando decepcionada e não fui conferir. Ainda bem (ou não) que existe TV a cabo e tempo ocioso nesse mundo.

The Princess Diaries 2: Royal Engagement continua a história de Mia Thermopolis (Anne Hathaway) e sua avó, a rainha Clarisse Renaldi (Julie Andrews). Elas agora vivem em um reino europeu fictício chamado Genóvia. Nesse lugar, existe uma lei dizendo que uma rainha solteira não pode assumir o trono. Como sua avó pretende se aposentar, Mia precisa arrumar um marido rapidamente – e ela encontra o duque Andrew Jacoby (Callum Blue), extremamente atencioso e respeitável. O único problema nesse momento é a rivalidade com o segundo na linha de sucessão pela coroa, Nicholas Devereaux (Chris Pine), e seu ambicioso tio, o visconde Mabrey (John Rhys-Davies).

Sinceramente, o problema não é que a história seja previsível. O detalhe está no romance do filme anterior ser completamente ignorado e dos personagens terem perdido boa parte de suas personalidades. Mia ainda é desastrada e com um bom coração, mas agora ela se veste como sua avó, adora joias e dá pulos de alegria ao ganhar um closet cheio de sapatos! Sua melhor amiga Lilly Moscovitz (Heather Matarazzo) continua soltando frases engraçadonas, mas não é mais a menina engajada que costumava ser. Além disso, que menina romântica assumiria a missão de se casar em um mês sem chorar e espernear terrivelmente antes? Não é tão fácil assim encontrar o príncipe encantado e se apaixonar.

Além disso, The Princess Diaries 2: Royal Engagement tem uma limitação de cenários que o faz parecer uma série de televisão barata. A trilha sonora é misturada com músicas pop que simplesmente começam a tocar sem muita explicação. Por causa disso, em menos de 10 anos o filme já parece extremamente datado (imagino que isso aconteça com o primeiro também, mas não me sinto particularmente inclinada a conferir). Para completar, às vezes eu me perguntava como Julie Andrews aceitou fazer esse filme!

Embora The Princess Diaries 2: Royal Engagement mantenha seu apelo para meninas crescidinhas que ainda gostam de histórias de princesas, o filme perde seu foco com uma protagonista mais velha (Anne Hathaway já tinha 22 anos) e pelo pouco respeito pelo material original. Afinal, enquanto a série de livros teve nove continuações, todas bem-sucedidas (isso sem contar os dois “guias”), os filmes acabaram por aqui.