Divagações: Wreck-It Ralph

É uma simples noite de quarta-feira. Saio para assistir a uma animação 3D na sala mais cara do multiplex. Não achei que a sessão estaria ...

É uma simples noite de quarta-feira. Saio para assistir a uma animação 3D na sala mais cara do multiplex. Não achei que a sessão estaria vazia, mas há uma fila para entrar e, aos poucos, a sala começa a encher até praticamente lotar. O motivo é simples: trata-se da única cópia legendada do filme em Curitiba. Ao meu redor, adolescentes e adultos estavam reunidos para ver o mais recente lançamento da Disney. Não vi uma criança sequer e, mesmo assim, todos pareciam ansiosos.

Antes do filme propriamente dito, o tradicional curta-metragem. Paperman coloca personagens em 2D em uma animação feita em três dimensões – e em preto e branco. O diretor John Kahrs conta uma história de amor lúdica entre o funcionário de uma empresa burocrática e uma bela jovem que ele encontra ao acaso. É lindo e já vale o preço do ingresso, mesmo tendo apenas sete minutos. Embora os momentos cômicos devam funcionar com as crianças, essa pequena história toca o coração dos adultos.

Wreck-It Ralph, então, é um filme para os grandinhos? Não exatamente. A história contém todos os elementos esperados de um filme da Disney dirigido para crianças e deve ser muito bom assistir o filme com um grupinho de pirralhos, tendo apelo tanto para os meninos quanto para as meninas. Ainda assim, quem já teve qualquer contato com o mundo dos videogames ou fliperamas vai ser invadido pela nostalgia, entendendo melhor as piadas e referências (eu precisei ter algumas explicadas após o filme, pois nunca fui muito fã de jogos, mas isso não prejudicou em nada a compreensão do que acontecia na tela).

A aventura acompanha Ralph (John C. Reilly), o vilão de um jogo antigo, porém popular, que está chateado pela maneira como os colegas de trabalho o tratam. Enquanto Felix (Jack McBrayer) tem um apartamento confortável e ganha tortas e medalhas, ele é jogado do alto do prédio e vive em um lixão. Decidido a mostrar que também merece essas coisas, Ralph parte em busca de uma medalha dourada no jogo de tiro em primeira pessoal liderado por Calhoun (Jane Lynch). Ele consegue, mas libera uma criatura que invade outro jogo do fliperama, chamado Sugar Rush. Lá, Ralph conhece a pequena e irritante Vanellope (Sarah Silverman), uma personagem discriminada em seu próprio jogo por ter falhas na programação. Os dois acabam se tornando amigos e arrumam encrenca com outro personagem, o King Candy (Alan Tudyk). Ao mesmo tempo, Ralph começa a fazer falta em seu jogo de origem.

A trama de Wreck-It Ralph, basicamente, conta uma simples história de descoberta e crescimento pessoal, que é entrelaçada com uma aventura capaz de mudar os rumos dos personagens, os transformando em ‘seres’ melhores. Não há nada de inovador ou memorável nesse ponto e o filme seria completamente esquecível caso se limitasse apenas a isso. A diversão está nos detalhes!

Ah, os detalhes. É interessante perceber como pequenas coisas fazem toda a diferença. A maneira como os personagens se movem e se comunicam, os sistemas de transporte, a consciência do avanço tecnológico: esses elementos estão presentes de uma maneira muito divertida e única, de modo que cada nova cena traz uma incrível descoberta. Dá vontade de assistir novamente, apenas para poder se concentrar em novos pontos. A propósito, entre as ‘participações especiais’ estão velhos conhecidos dos jogadores, como Zangief, Ken, Ryu, Chun Li, Q-Bert, Pac-Man, Bowser, Sonic e Dr. Eggman.

Com todo esse carinho perceptível através do resultado final, é realmente ótimo poder conferir Wreck-It Ralph com as vozes originais, em 3D e com uma projeção de qualidade. Recomendo para todos os que tiverem a oportunidade! Só acho uma pena que ir ao cinema esteja se tornando um passatempo tão custoso.

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