Livros: Como Ver um Filme

Ana Maria Bahiana , para mim, costumava ser aquela voz grave de mulher que comentava sobre cinema e os bastidores de Hollywood. Demorou u...

Ana Maria Bahiana, para mim, costumava ser aquela voz grave de mulher que comentava sobre cinema e os bastidores de Hollywood. Demorou um pouco para que eu conhecesse a jornalista completa que ela é, com atuação em diversos meios e veículos, sempre aproveitando oportunidades e crescendo. Ao lado de Paoula Abou-Jaoude, ela forma o time de brasileiras na Hollywood Foreign Press Association (HFPA), a organização responsável pelo Globo de Ouro.

Assim, foi interessante entrar em contato com o livro Como Ver um Filme, escrito por ela e lançado no ano passado pela editora Nova Fronteira. Ao longo de 224 páginas, a autora procura transformar o leitor em um espectador crítico, capaz de reconhecer as principais características de um filme. Dessa forma, o livro adquire um caráter de leitura básica, ideal para quem está começando a se interessar de uma maneira mais séria sobre o assunto.

Uma das maiores vantagens do livro são seus exemplos. Ana Maria comenta, em grande parte, sobre filmes recentes e fáceis de serem encontrados em qualquer locadora. Eles auxiliam na compreensão do texto e podem se tornar até uma fonte de exercícios. Além disso, a autora coloca algumas questões para reflexão e traz textos extras, localizados em páginas pretas, que complementam o conteúdo principal. São esses momentos que tornam o livro prazeroso.

No geral, Como Ver um Filme pode ser um pouco monótono devido a sua estrutura engessada. Isso já é perceptível na primeira parte do livro, quando são tratados os aspectos técnicos da produção de um filme. Em um segundo momento, quando são abordados os gêneros cinematográficos, a fórmula parece já ter cansado – o que é uma pena, visto que o conteúdo é bastante interessante.

Por mais que eu não goste de categorizar filmes, a concepção da autora sobre os gêneros é bastante interessante. As classificações acabam ficando repetitivas e começam a se sobrepor, mas suponho que isso seja natural quando se tenta classificar algo com tantas possibilidades quanto o cinema. Para quem não tiver paciência para acompanhar os exemplos e refletir sobre o assunto, acredito que apenas a primeira parte do livro já será de bom proveito.

Já que o objetivo era ser acessível, Ana Maria Bahiana alcançou o que desejava. Escreveu um livro simples e fácil, mas que também não surpreende. Pessoalmente, eu gostaria de um pouco mais de brilho e personalidade, características que talvez estejam presentes em A Luz da Lente, livro que ela escreveu em 1998. Infelizmente, a edição está esgotada e agora só pode ser encontrada em sebos (eu aceito de presente!).

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