Divagações: The Internship

Owen Wilson e Vince Vaughn estão longe de ser uma unanimidade, sobretudo em termos de comédia. Desprezados por uns e tolerados por outr...

Owen Wilson e Vince Vaughn estão longe de ser uma unanimidade, sobretudo em termos de comédia. Desprezados por uns e tolerados por outros, a dupla volta para tentar repetir o sucesso de Wedding Crashers, que – apesar de já ter sido um pouco esquecido – foi uma das comédias mais rentáveis da década passada.

Em The Internship, Nick Campbell (Wilson) e Billy McMahon (Vaughn) são dois vendedores carismáticos que se encontram em uma situação complicada quando a firma que os empregava fecha repentinamente. Já muito velhos e ultrapassados para o mercado de trabalho, a dupla aposta tudo em um estágio no Google, o detalhe é que os dois não entendem nada de tecnologia e terão que competir com alguns dos melhores acadêmicos do país, como o competitivo Graham Hawtrey (Max Minghella), pelas vagas na empresa.

O filme tem seus momentos (nada para fazer você rolar de rir no chão do cinema), mas é o suficiente para divertir quem gosta da temática. Os personagens, apesar de meio estereotipados, são bacanas e evocam muito bem aquele clichê do grupo de excluídos que precisam se juntar e trabalhar em equipe para atingir um objetivo.

Claro que fazer humor é um negócio complicado, sobretudo quando você quer agradar todo mundo e corre o risco de não agradar ninguém. The Internship se perde justamente nessa falta de foco, já que você não sabe se esse é um filme voltado para a geração moderninha – que cresceu na internet e vai conseguir pegar várias referências da cultura pop colocadas ao longo filme – ou se é para os tiozões que, como os personagens principais, estão se sentindo perdidos na era digital. Esse contraste, ao invés de enriquecer o filme, faz com que ele se torne um exercício de vergonha alheia, uma vez que a ignorância dos protagonistas é mais do que exagerada.

De qualquer modo, a química entre os personagens é geralmente bem feita, não apenas com relação aos protagonistas, mas entre todo o roteiro de apoio, como com o inexperiente supervisor do grupo Lyle (Josh Brener) e o rabugento Chetty (Aasif Mandvi). Porém, falta aos coadjuvantes um tempo para o desenvolvimento real de suas motivações e aproveitamento de suas características. Combinando isso com a ausência de fechamento para algumas questões do roteiro, a experiência final acaba sendo um pouco rasa.

The Internship certamente não trás nada de original, sendo na melhor das hipóteses um pastiche de vários clichês que já vimos por aí. Certamente não vale um ingresso de cinema – talvez nas sessões promocionais e na ausência de algo mais interessante para assistir –, mas para quem gosta do tema talvez valha uma espiada em uma tarde preguiçosa de sábado depois que o filme chegar à televisão ou aos serviços de streaming.

A propósito, o excesso de ‘publicidade’ não chega a incomodar, já que para a maioria das pessoas o Google dispensa apresentações. Como o seu ambiente coorporativo já está mais do que cimentado no imaginário popular, o filme todo não soa como um grande vídeo institucional. No final, até mesmo as referências – que vão de Harry Potter a X-Men – não pecam pelo excesso, apesar de soarem um pouco gratuitas.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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