Divagações: Wanted
31.7.14
O diretor Timur Bekmambetov conseguiu bons resultados com as produções que realizou em seu país natal, a Rússia. Seus filmes em Hollywood, no entanto, nunca atingiram o resultado esperado, começando com essa primeira tentativa: Wanted.
Baseado nos quadrinhos de Mark Millar e J.G. Jones, o filme tem um elenco famoso e recebeu duas indicações ao Oscar (Melhor Edição de Som e Melhor Mixagem de Som). Isso garantiu uma boa notoriedade, mas nada que pudesse surpreender o público (ou o estúdio). Seis anos após o lançamento, são poucas as pessoas que se lembram da produção, mas há alguns fãs ansiosos por uma continuação.
Wesley (James McAvoy) tem um emprego chato em uma baia de escritório. Toma remédios controlados para ansiedade, não respeita sua chefe, sabe que sua namorada o trai com seu melhor amigo e simplesmente não se importa com nada disso. Até que Fox (Angelina Jolie) e Sloan (Morgan Freeman) surgem em sua vida. Eles fazem parte de uma sociedade de assassinos e alegam que o pai de Wesley também fazia parte do grupo, tendo sido assassinado por um ex-membro (Thomas Kretschmann), que agora quer ir atrás dele. Vingança, então, passa a ser seu objetivo de vida.
Os treinamentos absurdos e as capacidades sobre-humanas dos assassinos da tal fraternidade só parecem críveis dentro do universo criado pelo filme. Afinal, Angelina Jolie não pode mesmo ser uma pessoa normal! Em um tempo recorde, um grupo de pessoas com diversas habilidades especiais ensina um cara medroso a bater, a lutar com facas, a atirar com precisão e até a curvar a trajetória de balas. Ele até ensaia questionar a moralidade disso tudo, mas isso importa muito pouco quando você está sendo treinado para se tornar um superassassino, ainda mais quando parece que você leva jeito para o negócio.
Visualmente, essa loucura toda funciona bem em Wanted. Há palavras ‘importantes’ surgindo na tela quando você menos espera, as balas são estilizadas (quem se importa com a física!) e os efeitos especiais garantem a diversão. Observando o conjunto, não fica difícil acreditar que aquele grupo é realmente formado por pessoas especiais. O figurino – criticado na época do lançamento por ser diferente dos quadrinhos – garante um ar cool para os personagens, ainda mais quando acompanhado pelos carros esportivos ou pelos cenários bem iluminados.
Como não poderia deixar de ser, a reviravolta garante a diversão e impede que a produção se torne arrastada. As trocas de tiros são bem coreografadas e conseguem manter a tensão por um tempo maior que o esperado. No final das contas, por mais que a narração em off incomode um pouco, você acaba concordando que ela combina com o efeito geral desejado.
Por mais que o filme não seja um grande ícone do gênero, ele é superior a maior parte dos longas-metragens de ação que estão sendo lançados nos últimos anos. Há um estilo bem demarcado, os personagens são incríveis (um pouco rasos, mas impactantes) e a trama não envolve um mundo pós-apocalíptico (cansei, confesso). Wanted tem seus clichês e é previsível, mas vale a pena redescobrir e dar uma segunda chance.
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