Divagações: True Grit (1969)

Desde que assisti a versão lançada em 2010, fiquei com vontade de conferir True Grit . Esse filme foi indicado a Melhor Canção e rendeu u...

Desde que assisti a versão lançada em 2010, fiquei com vontade de conferir True Grit. Esse filme foi indicado a Melhor Canção e rendeu um Oscar de Melhor Ator para John Wayne, que chegou a repetir o papel em Rooster Cogburn, uma continuação que não foi exatamente bem recebida pelo público.

A história é exatamente a mesma que eu já conhecia. Quando seu pai é morto em uma visita à cidade, a jovem Mattie Ross (Kim Darby) decide assumir as rédeas dos negócios e ir atrás de vingança. Assim, ela busca a ajuda de Rooster Cogburn (John Wayne), que é acostumado em buscar criminosos em território indígena, mas que enfrenta seus próprios problemas com a bebida. Contudo, um texano chamado La Boeuf (Glen Campbell) está atrás do mesmo homem, que ele quer levar para responder por outros crimes.

Dessa forma, a dinâmica não difere muito do outro filme. Aqui, Mattie tem seus momentos mais infantilizados e La Boeuf consegue ser, talvez, ainda mais irritante e incompetente (e menos confiável). A grande diferença é que Henry Hathaway não parece levar o material tão a sério. Ele traz muitos clichês do gênero de uma forma exagerada, afastando o filme de qualquer tentativa de estética realista, um aspecto que tem sido muito valorizado nos últimos anos.

O elenco de True Grit acaba – mesmo que sem querer – ajudando nesse ponto. Glen Campbell foi escalado apenas para emplacar uma canção e sua pouca experiência como ator tornam seu personagem ainda mais dúbio. Já Kim Darby, que tinha mais experiência em televisão, sofre para convencer como a protagonista. Assim, boa parte da responsabilidade do filme cai mesmo nas costas de John Wayne, que tem o papel mais complexo e praticamente todas as cenas com um pouco mais de ação. Destaque também para Robert Duvall como Ned Pepper, o líder da quadrilha que abriga o assassino Tom Chaney (Jeff Corey).

Vale observar que se trata da adaptação de um livro de Charles Portis, lançado um ano antes do filme. A obra original foi rapidamente para a lista dos mais vendidos nos Estados Unidos, mas foi criticada por tentar imitar um estilo literário que já não estava mais em voga. O filme, de certa forma, acabou recebendo a mesma crítica, embora a nostalgia tenha levado a melhor em muitos casos.

De forma geral, True Grit é uma produção que consegue lidar muito bem com suas limitações e se manter como um bom entretenimento. A narrativa funciona de forma eficiente e a duração de 128 minutos mal é percebida (para efeitos de comparação, a versão de 2010 tem 110 minutos). As cenas de tiroteio poderiam ser mais empolgantes, mas os ângulos de câmera funcionam muito bem da forma como foram planejados.

Mesmo representando uma experiência similar para quem viu a readaptação, esse filme de 45 anos atrás vale a pena por mostrar como boas produções conseguem se manter atraentes para um público jovem. Na época, fazer esse filme não foi um mar de rosas e o conflito de egos no elenco chamou a atenção. Contudo, True Grit chegou às salas em tempo para aproveitar a boa recepção do livro e com qualidade suficiente para continuar repercutindo muito tempo depois.

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