Eu adoro ler roteiros! Existem muitos disponíveis pela internet, mas é comum que seja por tempo limitado ou apenas em PDF. Em versões impressas ou para e-readers, a coisa complica um pouco. No caso de Bastardos Inglórios: O Roteiro Original do Filme, de Quentin Tarantino, a chegada da edição nacional foi um motivo de comemoração – ainda que o preço seja um pouco salgado para um volume de 156 páginas e nenhuma figura.

Publicado pela editora Amarilys, o livro foi traduzido diretamente da versão original (Inglorious Basterds: A screenplay) e ambos foram publicados no mesmo ano, 2009. Além do roteiro, há uma breve introdução assinada por David L. Robbins e um glossário para termos cinematográficos. Tudo bem simples, restrito ao necessário. A folha de rosto dá um toque especial, o papel é bom, a fonte tem um tamanho decente (nem pequena e nem muito grande) e a diagramação é a clássica para esse formato de texto.

A leitura, obviamente, é deliciosa. Dá para perceber algumas alterações entre essa versão do texto e o filme, mas nada muito absurdo. É interessante notar o desenvolvimento de personagens e a forma como Tarantino estrutura a sua história. Aquilo que na tela do cinema flui muito bem e rapidamente, parece detalhadamente calculado no papel.

Outro aspecto de destaque é a quantidade de referências ao cinema alemão que estão presentes no roteiro. O material vai fundo em explicar fisicamente as pessoas que devem aparecer ao fundo nas cenas. Elas nem terão fala, mas devem ser reconhecidas como diretores e produtores da época. Há muitas menções a filmes, como não poderia deixar de ser em um filme do cineasta, algo elevado pelo fato de que Inglorious Basterds efetivamente envolve uma sala de cinema, um famoso diretor nazista e o lançamento de um filme.

Bastardos Inglórios - O Roteiro Original do Filme vale a leitura e a releitura, de preferência acompanhada pela exibição do filme (acho que não preciso dizer, mas recomendo que o leitor tenha o visto o filme anteriormente, mesmo que há algum tempo). Afinal, montar uma história com diálogos inteligentes e ângulos de câmera é algo que Tarantino faz como ninguém.

Outros livros:

Pulp Fiction: Three Stories About One Story
Reservoir Dogs