Divagações: Big Hero 6

Nos primórdios do cinema, cada grande estúdio era responsável por um estilo de filme. Os grandes épicos e os musicais, por exemplo, tinha...

Nos primórdios do cinema, cada grande estúdio era responsável por um estilo de filme. Os grandes épicos e os musicais, por exemplo, tinham suas próprias ‘casas’, com pequenas variações com o passar do tempo até que essa identidade acabou se perdendo. Com as animações, as paredes estão começando a se romper.

A Disney era o local das princesas e dos contos de fada, a Pixar ficava com as inovações cheias de uma carga emocional, por fim, a Dreamworks lidava com o humor. Embora ninguém queira perder seu filão, todos estão de olho no colega ao lado – e aprendendo com os erros e acertos de cada novo lançamento desses e de outros estúdios. Afinal, embora ainda dominem, eles não estão mais sozinhos nesse mercado.

Big Hero 6, por exemplo, é a Disney querendo ser Pixar (o que não é exatamente difícil quando se tem Robert L. Baird como um dos roteiristas e John Lasseter no papel de produtor-executivo), mas com uma pitada de How to Train Your Dragon. Depois do sucesso estrondoso de Frozen, essa é uma produção destinada a ficar levemente na sombra, mas ainda é capaz de se destacar.

A história traz o jovem e desmotivado geniozinho Hiro (Ryan Potter/Robson Kumode). Ele acha que já sabe de tudo sobre o mundo até conhecer a universidade onde seu irmão, Tadashi (Daniel Henney/Felipe Grinnan), estuda. Para entrar na instituição, ele tenta impressionar o coordenador do curso, Robert Callaghan (James Cromwell/Leonardo Camilo), mas seu projeto também chama a atenção do empresário, Alistair Krei (Alan Tudyk/Marcelo Pizardini).

Assim, quando a invenção cai nas mãos erradas, Hiro precisa da ajuda de seus novos amigos – Fred (T.J. Miller/Marcos Mion), Go Go (Jamie Chung/Kéfera Buchmann), Wasabi (Damon Wayans Jr./Robson Nunes) e Honey Lemon (Genesis Rodriguez/Fiorella Mattheis) – além de uma invenção bastante especial de seu irmão, o robô Baymax (Scott Adsit/Márcio Araújo), originalmente desenhado para ser um fofo agente de saúde.

Pela sinopse, Big Hero 6 tem tudo para ser um filme de aventura descompromissado, com uma trama simples e muitas cenas de ação e perseguição. Mas não se deixe enganar! O filme pega pesado na hora de envolver o espectador emocionalmente e chega a pesar um pouco demais a mão. Com um protagonista adolescente, pequenos dramas já poderiam ser grande coisa, mas é preciso admitir que esse menino se sai bem com tanto sofrimento ao seu redor.

Visualmente, contudo, a produção traz tudo o que se poderia esperar e um pouco mais. A história se passa em San Fransokyo – uma mistura de São Francisco com Tóquio que lembra Hong Kong –, gerando um ambiente cosmopolita sem afastar completamente o espectador estadunidense (ou com expectativas norte-americanas). O design dos personagens segue a tendência e também é bastante estilizado e variado, dando uma graça própria para a animação.

Por mais que o filme pene um pouco para equilibrar seus aspectos divertidos e sensíveis (como se eles não pudessem conviver!), Big Hero 6 é uma produção com uma identidade bem resolvida. Dá vontade de ver mais histórias passadas nesse universo, embora não seja prudente pedir por novas franquias no atual contexto das animações para o cinema.

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