Livros: Perdidos na Tradução

Existe mais de um motivo para os nomes dos filmes estarem sempre em inglês no Cinema de Novo. Em primeiro lugar, muitas vezes a tradução ...

Existe mais de um motivo para os nomes dos filmes estarem sempre em inglês no Cinema de Novo. Em primeiro lugar, muitas vezes a tradução oficial demora a ser divulgada – e, às vezes, nunca chega. Além disso, algumas produções, principalmente as mais antigas, possuem mais de um título nacional. Para completar, cada país faz a sua própria versão (e não queremos afastar leitores de outros países que falam português!). Isso sem contar a irritação com nomes inadequados ou simplesmente errados.

O tradutor Iuri Abreu entende esse dilema – e se diverte. Em seu livro Perdidos na Tradução, ele separou mais de 200 títulos em categorias como “A Maldição do Subtítulo”, “Poesia Pura”, “Liberdade Total”, “Fiéis ao Original” e “Entregando o Jogo”. Depois, analisou os motivos das mudanças e até comparou com as soluções apresentadas em Portugal. 

Sempre com bom humor, o autor aponta boas saídas, caminhos errados, influências e até alguns absurdos. Eu costumo ser muito chata com as traduções, mas esse livro me tornou uma pessoa levemente mais tolerante. Afinal, não dá para negar que é preciso fazer adaptações para atender ao público nacional. Isso sem contar que a opção mais fiel ao original nem sempre é a melhor em termos de linguagem.

Perdidos na Tradução é um trabalho caprichado de Abreu e da editora Belas Letras. Com 288 páginas, o livro aproveita a informalidade do texto para brincar também com elementos gráficos na capa, na paginação e na abertura de cada capítulo. Pessoalmente, gostaria que a diagramação do conteúdo em si fosse diferente. Para quem, como eu, gosta de sentar e ler durante um bom tempo, ela é monótona e não muito agradável, com o texto centralizado na página e alinhamentos flutuantes. 

Para a consulta de verbetes ocasionais, contudo, o livro não apresenta grandes problemas. Aliás, o capricho nos índices merece destaque. Além do sumário com as entradas na ordem de apresentação, há também um índice onomástico (ordem alfabética, desconsiderando artigos) e um cronológico. Como os verbetes mais recentes se referem a filmes de 2013, acho que o autor poderia considerar uma atualização em 2018. Que tal?

Rápido, divertido e repleto de curiosidades interessantes, Perdidos na Tradução é um presente legal para aquele seu amigo cinéfilo (a propósito, eu ganhei de aniversário!), mesmo que ele seja bem chato e insista em se ater aos títulos originais. Caso você não acredite em mim, considere que José Wilker é o ator do prefácio – não é para qualquer um!

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