Divagações: What If

Não sei exatamente a razão, mas sempre acho que é preciso ‘admitir’ que gosto de gosto de comédias românticas. Não é exatamente algo do q...

Não sei exatamente a razão, mas sempre acho que é preciso ‘admitir’ que gosto de gosto de comédias românticas. Não é exatamente algo do qual eu deveria ter vergonha, certo? Afinal, assim como acontece com todos os gêneros, há opções excelentes, boas, ruins, péssimas e simplesmente medianas (como é o caso). De qualquer modo, o prestígio do gênero caiu um bocado nos últimos anos e, agora, são poucas as produções que se aventuram. Mas sempre surge alguma coisa!

What If conta a clássica história de uma amizade entre um rapaz e uma moça que acabam se apaixonando. Wallace (Daniel Radcliffe) terminou um relacionamento, largou a faculdade e está tentando descobrir o que quer fazer da vida. Por sua vez, Chantry (Zoe Kazan) está namorando há vários anos com Ben (Rafe Spall) e gosta muito de seu trabalho – está tudo tão bem que ela tem medo de mudar, recusa uma promoção no trabalho e valoriza demais a estabilidade de seu relacionamento. No fundo, os dois estão sozinhos e aproveitam ao máximo a oportunidade de ter uma companhia para fazer compras, ir ao cinema, passear na praia... Mesmo que isso implique em ignorar o que estão realmente sentindo.

O desenrolar dessa história é bastante óbvio. Ainda assim, o diretor Michael Dowse consegue manter a atenção do público com cenas fofas e uma iluminação que dá um aspecto de sonho a tudo o que acontece. Tirando as incertezas dos protagonistas, tudo é lindo nesse mundo. Há até interferências dos desenhos animados de Chantry em meio a cenários reais (o que não deixa de ser levemente inconsistente, já que estamos acompanhando o ponto de vista de Wallace na maior parte do tempo).

Sinceramente, isso não seria um problema se não acentuasse o fato de What If ser tão fraco em suas motivações. Os dramas internos de Wallace constroem o personagem de um modo vago e distante; fica difícil criar uma empatia sincera com ele. E mesmo as ações de Chantry não fazem muito sentido. Ela é uma pessoa em seu relacionamento com o namorado e outra – bem melhor, independente e animada – com seu novo amigo. Não vejo incoerência no fato da magia de um relacionamento chegar ao fim, mas o problema é que, da forma como a situação é retratada, tudo poderia ser resolvido com uma boa conversa, sem a necessidade da vida dupla que ela cria.

De qualquer forma, o filme é daqueles que joga a responsabilidade da parte de comédia para os coadjuvantes. Ao longo do filme, os instáveis e maluquinhos Allan (Adam Driver) e Nicole (Mackenzie Davis) desenvolvem um relacionamento bem mais sincero que os protagonistas. Eles não parecem combinar de forma alguma com seus amigos certinhos e responsáveis, mas suponho que essas coisas acontecem na vida.

Ou seja, com um romance sem sal em primeiro plano e com a comédia jogada para o segundo, What If acaba não sendo nem um pouco bem sucedido como uma comédia romântica. É um filme leve, sem dúvida, mas não é capaz de emocionar. Fica apenas na superfície. Serve para agradar os fãs de Daniel Radcliffe – que, finalmente, interpreta um personagem contemporâneo – e para mostrar o quanto Zoe Kazan pode ser fofa. Essa parte do plano, preciso dizer, funciona sem problemas.

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2 recados

  1. Eu não tinha parado pra refletir sobre o filme, mas preciso confessar que gostei muito! De um modo geral, sem parar pra analisar tudo, achei bem divertido. Eu não conhecia (ou não lembrava) da Zoe Kazan... Mas achei bem fofa mesmo.
    Talvez tenha me agradado mais por ver o Daniel do que por outra coisa, mas acho q valeu o tempo <3

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    1. Entendo bem as suas motivações, Zizi! <3
      Não é para todo mundo, mas quem curte o Daniel e/ou a Zoe deve aproveitar bem o filme.

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