Divagações: Admission

Existem alguns filmes que te conquistam sem nenhum motivo aparente. Com uma premissa fraca, Admission conseguiu achar um espaço no meu c...

Existem alguns filmes que te conquistam sem nenhum motivo aparente. Com uma premissa fraca, Admission conseguiu achar um espaço no meu coração sempre carente por uma comédia romântica. Não que eu ame o filme, mas a verdade é que simplesmente não consegui resistir a esse elenco e ao ambiente acadêmico (nerd!).

Portia Nathan (Tina Fey) é uma das responsáveis pela rigorosa seleção de calouros da universidade de Princeton. Ela tem uma vida rigorosamente calculada e está em busca de uma promoção. Seu trabalho consiste em apresentar a instituição em colégios conceituados e ler muitas e muitas pastas contendo a vida acadêmica dos candidatos. No entanto, tudo começa a dar errado...

Primeiro é seu namorado, Mark (Michael Sheen), que a abandona por uma mulher detestável. Depois, sua própria mãe, Susannah (Lily Tomlin), deixa claro como as duas se afastaram e não fazem mais sentido como uma família. Para finalizar, o diretor de uma nova escola, John Pressman (Paul Rudd), resolve desenterrar uma história de seu passado, apresentando um aluno promissor, mas problemático, Jeremiah (Nat Wolff), como sendo filho de Portia.

Em meio a tudo isso, ela começa a questionar seu estilo de vida e resolve que, acima de tudo, quer que o rapaz estude em Princeton – mesmo que ele não tenha nenhuma chance desde o princípio. Isso faz com que ela saia da linha, peça ajuda, tente manipular seus colegas, acabe se envolvendo com John, torne-se um modelo de adulto para o filho dele, Nelson (Travaris Spears), e crie um carinho especial por Jeremiah.

De maneira geral, acho interessante como Admission consegue trazer um compromisso com a realidade que não exatamente existe. Tudo no filme é muito bizarro, desde o ex-namorado de Portia e todas as suas aparições em cena após o término até a personalidade das pessoas que trabalham na universidade, passando pelas técnicas educacionais de John, o comportamento inocente-inteligente de Jeremiah e Nelson e a total falta de noção social de qualquer pessoa mais velha. 

Obviamente, essa incongruência faz com que muita gente simplesmente não compre a situação, mas é sempre ótimo assistir tanto Tina Fey quanto Paul Rudd! Os dois são muito fofos e, por incrível que pareça, funcionam bem juntos. Só eles para fazerem tantos arquétipos funcionarem como se fosse algo realmente divertido.

A sua maneira, Admission é sobre um estranho conflito de gerações. Dois adultos incompletos precisam aprender justamente com a geração com a qual mais convivem. O diretor de uma escola para crianças que não consegue manter os pés no chão e a selecionadora de uma tradicional universidade que precisa aprender a voar. Embora as histórias dos dois se cruzem, cada um precisa aprender a resolver seus próprios problemas individualmente – o que é o ideal, convenhamos.

Admission não é uma comédia das mais engraçadas, não tem um texto fantástico, não tem personagens bem definidos, não vai transmitir uma grande lição de vida. Mas é uma produção que consegue cativar seu público e manter a atenção dele durante pouco mais de uma hora e meia. Talvez o longa-metragem até faça surgirem alguns questionamentos sobre ensino superior, maternidade/paternidade, processos seletivos, empregos. Mas nada profundo demais. 

RELACIONADOS

0 recados