Divagações: Ong-bak
22.3.16
Quando se pensa no cinema tailandês, a maior parte das pessoas não vai saber exatamente o que pensar. Boa parte daqueles que tiverem alguma ideia vão resumi-la em uma palavra: porrada. De certa forma, Ong-bak faz parte dessa concepção, que associa o país a artes marciais, violência e desigualdade. Afinal, aqui não se bate para que fique claro quem é o mais forte – é praticamente uma questão de sobrevivência. Isso implica, também, em cenas bem mais realistas e fascinantes.
Tudo começa em uma vila pacífica e muito religiosa. Don (Wannakit Sirioput) é um forasteiro um tanto quanto suspeito que quer comprar uma imagem de um dos moradores da região, mas ele se nega a vender. Para não sair de mãos abanando, ele leva embora a cabeça do ídolo local, Ong-bak. Assim, a comunidade desesperada se reúne e o jovem Ting (Tony Jaa) se voluntaria para ir à cidade em busca da imagem sagrada. Caso ele não seja bem-sucedido, o vilarejo ficará amaldiçoado.
Lá chegando, Ting tem a ajuda relutante de um ex-morador do local, o trambiqueiro Humlae (Petchtai Wongkamlao), e de uma amiga dele, Muay Lek (Pumwaree Yodkamol). No entanto, eles acabam descobrindo que o roubo envolve os planos de um grande criminoso, Komtuan (Suchao Pongwilai). Assim, Ting vai precisar usar todas as suas habilidades como lutador de Muay Thai para escapar dos capangas do criminoso e conseguir devolver a cabeça de buda para seu vilarejo.
Ou seja: Ong-bak envolve muitas cenas de luta, com direito aos adversários mais absurdos do mundo, além de uma boa dose de perseguição. Sem carros caríssimos, contudo, temos que nos contentar com bastante correria e uma sequência um tanto quanto absurda envolvendo Tuk-tuks (um veículo típico que parece um triciclo adaptado para funcionar como táxi). O que talvez deixe tudo mais divertido!
Para quem está acostumado com filmes de ação cheios de explosões, armamentos modernos e um certo requinte, essa produção deve parecer um tanto quanto crua e até engraçada. Ainda assim, quem tem saudade de produções mais antigas e dominadas por fortões, deve aproveitar. Há um sentido aguçado de absurdo, mas é incrível ver as lutas com poucos cortes e cheias de acrobacias, mesmo que muitas sejam desnecessárias.
Aliás, Tony Jaa é frequentemente comparado a Bruce Lee e Jackie Chan. Dá para entender bem o motivo, uma vez que ele não usa dublês para nenhuma de suas cenas. E, por incrível que pareça, a produção também alega que não foram usados cabos nem recursos de computação gráfica. Assim, tudo o que aparece na tela é absolutamente real. Bom, pequenas trucagens e recursos de edição ajudam, mas elas não fazem milagres.
Ong-bak, por mais impressionante que seja, ainda é um filme de ação bastante convencional. Tudo é bem coreografado e não vemos o herói lutar com mais de dois caras malvados por vez – não importa que o grupo o perseguindo seja de umas trinta pessoas. Toda a jornada segue sem muitas surpresas e a trama é bastante óbvia. Vale para quem está procurando por porrada, gosta de Muay Thai ou simplesmente sente saudade do gênero, já que não fazem mais nada como isso em Hollywood.
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