Divagações: The Sword in the Stone

O rei Arthur Pendragon , da Inglaterra, aparece nos cinemas desde os primórdios, mais precisamente desde 1909. Isso representa mais de um...

O rei Arthur Pendragon, da Inglaterra, aparece nos cinemas desde os primórdios, mais precisamente desde 1909. Isso representa mais de um século de histórias, reimaginações, adaptações, homenagens e heresias. E a lista só tende a crescer já que nunca nos cansamos de recontar aventuras famosas ou de simplesmente inventar novas histórias.

The Sword in the Stone representa a entrada desse universo nas animações da Disney. Lançado em 1963, o filme não faz parte de uma época gloriosa do estúdio, o que pode ser percebido pelo roteiro fraco e pela própria qualidade da animação. Há sequências ‘recicladas’ ao longo do filme, uso de estudos de movimentos presentes em obras anteriores e outros indicativos de economia de custos.

Para completar, essa é a única animação da Disney lançada nos anos 1960 que não ganhou um DVD nas chamadas edições Platinum, uma sequência, um programa de televisão ou um remake com atores. Dá para perceber facilmente que não se trata de uma das produções mais queridas (ou lucrativas) do catálogo. Ainda assim, trata-se do último filme com produção integral do próprio Walt Disney, já que ele faleceu durante a realização de The Jungle Book.

E não dá para negar que The Sword in the Stone tem uma abordagem criativa. O filme acompanha o feiticeiro Merlin (Karl Swenson) e seus primeiros encontros com um jovem adolescente órfão conhecido como Wart (Rickie Sorensen, Richard Reitherman e Robert Reitherman, em uma dublagem não muito coerente, mas bem adolescente). Os melhores momentos envolvem a inadequação do mago aos tempos medievais, já que ele preferia estar aproveitando televisores e outras invenções modernas.

De qualquer modo, para fornecer educação para o menino, eles precisam lavar louça; despistar o guardião legal do rapaz, Sir Ector (Sebastian Cabot); lutar contra a infame Madam Mim (Martha Wentworth); fazer diversas transformações em animais; e contar com o apoio da mal-humorada coruja Archimedes (Junius Matthews). Tudo muda, no entanto, quando Wart precisa viajar para Londres para ser o escudeiro de Sir Kay (Norman Alden) em um importante torneio.

Divertido, mas ordinário, The Sword in the Stone prefere ser uma comédia com elementos de fantasia a uma aventura, o que seria o esperado. O filme tem uma moral bem estabelecida (educação é a coisa mais importante), mas se perde nos momentos finais, principalmente porque o protagonista consegue se tornar ‘alguém na vida’ por uma interferência do destino e não necessariamente por seu esforço.

Isso talvez explique porque esse foi o último roteiro assinado por Bill Peet (que teve diversos desentendimentos com Walt Disney durante e após a produção). Ao mesmo tempo, o esforço do diretor Wolfgang Reitherman para lidar com um orçamento limitado foi reconhecido. À época um animador que estreava no comando, ele acabou dirigindo diversas animações subsequentes (e relativamente baratas).

Suponho que o filme ainda funcione muito bem para crianças pequenas, especialmente por causa das cenas de transformações em animais (além das 'aulas', o duelo entre Merlin e Madame Mim ainda vale a pena). Os mais velhos talvez comecem a perceber as falhas de roteiro, enquanto os adultos devem apreciar a produção por seu valor nostálgico. Ainda assim, acredito que The Sword in the Stone deva decepcionar muitas pessoas que resolverem se entregar às lembranças da infância. Apesar de todo o potencial, esse definitivamente não está entre os melhores filmes do estúdio.

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