Divagações: Zoolander 2

O primeiro Zoolander , apesar de não ser uma unanimidade, acabou com os anos se tornando um clássico cult da comédia besteirol, daqueles q...

O primeiro Zoolander, apesar de não ser uma unanimidade, acabou com os anos se tornando um clássico cult da comédia besteirol, daqueles que encontram um lugar na sua prateleira de DVDs ao lado de Anchorman: The Legend of Ron Burgundy e Dodgeball. Assim, quando Zoolander 2 foi anunciado, quase quinze anos depois do primeiro, ninguém achou que seria um filme realmente necessário e a maior expectativa não era de um filme fantástico, mas para que ele simplesmente não ficasse muito abaixo do original.

Passados todos estes anos dos acontecimentos do primeiro filme, Zoolander 2 começa tentando situar a audiência das mudanças no status quo. Depois da morte de Matilda (Christine Taylor), Derek Zoolander (Ben Stiller, que também dirige o filme) acaba perdendo a guarda do filho e se isola do mundo e da carreira de modelo. Porém, depois de uma década, a estilista Alexanya Atoz (Kristen Wiig) propõe a Derek uma participação em seu desfile, levando o modelo de volta às passarelas e para o centro de uma conspiração que está matando vários astros do pop. Ajudado por seu antigo rival Hansel (Owen Wilson) e pela agente da Interpol Valentina Valencia (Penélope Cruz), cabe ao trio desvendar o mistério e reencontrar o filho de Derek.

Mas, antes de tudo, é bom deixar uma coisa clara: Zoolander 2 não consegue ter o mesmo apelo do seu predecessor. Apenas pela sinopse já é possível perceber uma falta de foco na história que torna uma boa conclusão quase impossível. Enquanto o primeiro filme tinha um objetivo bastante específico, este sofre com um roteiro disperso e indeciso, em que muitas das pontas acabam soltas e mal resolvidas e muitas das situações que levam a este ponto são um pouco forçadas.

O humor também sofre nesse caso, dependendo um pouco mais da estupidez e do besteirol do que no filme anterior – que era mais um filme com personagens estúpidos do que um filme estúpido per se. É algo similar ao visto com Anchorman 2: The Legend Continues, que também tentava emular os momentos mais memoráveis do original com diferentes graus de sucesso. Apesar disso, Zoolander 2 consegue soar um pouco menos derivativo e inserir vários elementos bem diferentes a trama, o que pode ser interessante para quem curte esse tipo de comédia, mas não teve tanto contato com o filme de 2001.

E para quem entende um pouco da indústria da moda, esse filme tem um apelo a mais já que vários figurões surgem para fazer piadas de si mesmo, de Valentino e Marc Jacobs a Tommy Hilfiger, o filme está cheio de participações especiais. Mesmo fora dessa área, a quantidade de gente que dá as caras na produção é absurda, sendo que o excesso até distrai um pouco da trama principal – apesar de render alguns momentos mais engraçados do filme.

Mesmo que a produção possa soar um pouco decepcionante para os fãs do original, ainda sinto que esse é um projeto despretensioso e feito apenas por diversão dos envolvidos.  Zoolander 2 é meio ridículo de vez em quando e certamente não vai entregar nada para quem gosta de algo mais refinado e inteligente. Mas não é como se ele tivesse prometido isso em algum momento, também estando longe de ser um filme ofensivo e sem nenhum apelo. Para quem procura apenas umas risadas baratas e um filme para ver em galera, talvez ele se torne uma boa distração (quando chegar à Netflix).

Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

RELACIONADOS

0 recados