Divagações: Seeking a Friend for the End of the World

Com um título desses, Seeking a Friend for the End of the World não pode se dar ao luxo de passar desapercebido. Enquanto muitas pessoa...

Com um título desses, Seeking a Friend for the End of the World não pode se dar ao luxo de passar desapercebido. Enquanto muitas pessoas podem achar que se trata de uma comédia abobada ou de uma ficção científica fraca, o filme é, na verdade, uma comédia romântica bastante tradicional, que se aproveita de um argumento diferente do que se poderia esperar.

Com roteiro e direção de Lorene Scafaria, essa é uma daquelas obras com um bom elenco (mas não fantástico), uma premissa legal (ainda que já entregue pelo título), um texto cheio de sacadas e referências (embora existam melhores) e um andamento óbvio, mas nem por isso menos interessante. Acho que dá para passar de ano com isso, principalmente em um período cinematograficamente carente de histórias de amor do tipo água com açúcar!

Seeking a Friend for the End of the World já começa com o anúncio de que não há mais nada a se fazer: um grande meteoro vai se chocar contra a Terra em 21 dias e esse será o fim da humanidade. Nesse momento, a esposa de Dodge (Steve Carell) simplesmente sai correndo e ele se descobre sozinho nos seus últimos dias de vida (ou quase, já que ganha um cachorro de um desconhecido). Embora tudo esteja um caos, ele tenta seguir em frente normalmente – até que não dá mais.

É nesse momento que ela pega a estrada com uma vizinha inglesa amalucada, Penny (Keira Knightley), e os dois decidem se ajudar: ela o auxilia a chegar até uma antiga namorada e ele a apresenta a um conhecido que tem um avião, de modo que ela possa rever sua família antes do fim. São decisões desesperadas e nenhum dos dois sabe se vai dar certo, mas é preciso tentar.

Os desenrolares dessa história não são difíceis de imaginar. Ainda assim, o filme consegue ser bastante fiel a si mesmo e a seus princípios. Mas há um porém: o único personagem mais realístico é o protagonista, sendo que todos os outros são extremamente tipificados. A vizinha e seus discos, a mulher tarada do melhor amigo (Connie Britton), o ex-namorado grudento (Adam Brody), o ex-namorado militar (Derek Luke), o sujeito suspeito que dá uma carona para os dois (William Petersen), a garçonete chapada (Gillian Jacobs), o policial certinho (Bob Stephenson)... Tanto aqueles que decidem encarar o fim do mundo quanto aqueles que preferem fingir que nada está acontecendo trazem apenas estereótipos de comportamento e nenhuma profundidade para a narrativa.

Ainda assim, essa é uma jornada divertida de acompanhar. São pessoas comuns que sabem que vão morrer e ninguém está disposto a um ato de heroísmo para tentar salvar o mundo. Trabalho, educação, boas maneiras – tudo começa a desandar. Ao mesmo tempo, as pessoas só querem ser felizes, de preferência ao lado de quem amam. É um cenário aterrador criado para contar uma história tão fofa e singela quanto a que vemos na tela.

Seeking a Friend for the End of the World, como disse logo no começo desse texto, não é uma obra-prima e também não faz muita questão disso. Mas é um trabalho criativo, bem realizado e que merece atenção por unir elementos tão diversos. Afinal, não é mais possível se prender a um gênero e esperar que o público apareça – é preciso quebrar expectativas de forma positiva e entregar algo a mais que o esperado. Realmente, esse não é um filme qualquer.

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