Divagações: How I Live Now

Um filme menor, com um baixo orçamento e que conta com a presença de vários nomes interessantes. Dirigido por Kevin Macdonald , How I Live...

Um filme menor, com um baixo orçamento e que conta com a presença de vários nomes interessantes. Dirigido por Kevin Macdonald, How I Live Now chama a atenção por ter um elenco jovem formado por nomes atualmente bem conhecidos – Saoirse Ronan, Tom Holland e George MacKay, em especial – ainda que isso não fosse necessariamente verdade em 2013. Todos eles estão investidos em personagens que exigem muito emocionalmente e parecem ser as melhores escolhas para cada um desses papéis.

A história acompanha Daisy (Ronan), uma menina urbana estadunidense que é enviada por seu pai para viver com primos na zona rural da Inglaterra. Ela está indo de má vontade, o que só alimenta suas neuroses adolescentes e a fazem odiar tudo o que encontra pelo caminho. Sua tia (Anna Chancellor) raramente está disponível, de modo que as crianças da casa precisam se virar sozinhas.

O mais velho é o quieto e sensível Eddie (MacKay), que prefere conviver com animais do que com pessoas. O filho do meio é Isaac (Holland), praticamente o líder do grupo e sempre bem-humorado. Já a mais nova é Piper (Harley Bird), que ainda possui muitas manhas infantis. Por fim, o grupo também é composto por um menino da vizinhança, Joe (Danny McEvoy), que leva uma vida difícil em casa.

Apesar de alguns atritos, as crianças vivem um verão idílico e adorável. Contudo, algo está acontecendo no mundo exterior e uma guerra nuclear de proporções mundiais emerge. A princípio, eles tentam se manter unidos, mas a vila é eventualmente evacuada e meninas e meninos são separados. Daisy e Eddie, então, fazem um pacto de voltarem para casa.

How I Live Now, dessa maneira, concentra-se especialmente na jornada de Daisy, o que dá uma boa oportunidade para Saoirse Ronan desenvolver sua personagem (que não necessariamente convence como uma nativa dos Estados Unidos, mas tudo bem). A transformação ao longo de toda a história é facilmente percebida, mas não é necessariamente forçada. Ela é uma jovem problemática que, de repente, precisa lidar com situações difíceis e até então inimagináveis, de modo que encontra forças em lugares inesperados.

A questão é que, embora seja bem construído, How I Live Now tem mudanças bruscas de tom. O filme que começa como um romance adolescente logo se transforma em uma produção de guerra bastante cruel – a ponto de receber classificação para maiores de 18 anos nos Estados Unidos (mas isso talvez tenha sido um pouco de exagero). Para o público que espera encontrar uma dessas coisas, o restante se tornará particularmente difícil de assistir.

Mas não é como se essa mudança brusca não fosse intencional. Comprometido com sua protagonista, Kevin Macdonald criou esses dois universos para ela, retratando seus sentimentos e percepções. No primeiro, uma câmera de mão acompanha as crianças, levando o público para dentro de um mundinho adorável e nostálgico, com cores acolhedoras e muitas paisagens naturais. Depois, mesmo as árvores serão acompanhadas de tonalidades frias e distantes, com movimentos de câmera firmes e impessoais.

Dessa forma, How I Live Now é uma história bem contada, mas que exige um comprometimento emocional do público. Se você não se interessar por Daisy como ela é – e isso é bastante difícil nos primeiros minutos –, o filme também não será proveitoso. O contraste também pode ser incômodo e, definitivamente, deve afastar muitas pessoas. Ainda assim, esse é um exercício narrativo interessante e bem feito, com uma direção que não tem medo do material e atores que estão dispostos a dar o melhor de si.

Outras divagações:
The Last King of Scotland

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