Divagações: Wicked: For Good

Wicked: For Good

Wicked: For Good é, sem dúvida, uma das produções mais aguardadas dessa temporada de férias. Após a boa recepção da produção anterior, as ações de marketing estão fortes e a perspectiva é que o longa-metragem leve bastante gente aos cinemas. Como alguém que gosta de musicais, eu estou bem feliz com esta animação toda!

A questão é que o filme carrega consigo o mesmo problema do material original: a primeira parte é simplesmente muito melhor. As músicas desta sequência não são tão memoráveis e, convenhamos, a história se torna um tanto quanto macabra. Toda a conexão com The Wizard of Oz também é bem forçada; com o agravante de que referências diretas à produção de 1939 estão fora de questão por questões de direitos autorais.

Claro que nada disse impede que Wicked: For Good seja divertido, especialmente se você não sabe exatamente como as coisas vão se desenrolar. Como era de se esperar, a história se passa após o rompimento entre as amigas Elphaba (Cynthia Erivo) e Glinda (Ariana Grande), mostrando as consequências desse acontecimento.

Basicamente, Elphaba se torna uma rebelde procurada, que luta para expor as mentiras do mágico (Jeff Goldblum) e encontra resistências diversas, como a de um leão covarde (Colman Domingo). Já Glinda decide jogar o jogo por dentro, sob a tutela de sua antiga professora, Madame Morrible (Michelle Yeoh), e com a companhia do namorado, Fiyero (Jonathan Bailey).

Um pouco distante das grandes decisões – mas, ainda assim, consideravelmente afetados por elas –, Nessarose (Marissa Bode) e Boq (Ethan Slater) vivem suas próprias mentiras e precisam decidir se as encaram ou não. E, como se as coisas já não estivessem ruins, a chegada de Dorothy (Bethany Weaver) serve para acelerar o processo.

Com isso, Wicked: For Good mergulha em um mundo de fantasia a partir de uma ótica bastante política e desesperançosa – ou seja, infelizmente, há bem menos espaço para a comédia. Afinal, a existência de Elphaba como uma figura de oposição a um regime que controla a informação e manipula as pessoas torna o quadro desenhado na produção anterior ainda mais melancólico e urgente. 

Ao mesmo tempo, fica mais fácil traçar paralelos com o momento atual de muitas nações. Obviamente, a produção não força essas conexões (esse é um blockbuster de verão com apelo infantil) e há todo um aspecto fantástico que fica no meio do caminho. Mas suponho que a história segue relevante há tanto tempo porque ela tem sua profundidade, sustentando-se com algo mais do que o efeito chiclete das canções.

Além disso, a dinâmica das protagonistas funciona muito bem e se difere dos dilemas que costumamos ver por aí, trazendo algo de refrescante para a produção. Cynthia Erivo consegue evocar a força e a determinação de uma mocinha que é taxada de terrorista (e que se veste e, frequentemente, age como tal), enquanto Ariana Grande segue ótima como uma boneca delicada que faz as escolhas erradas por não conseguir se sentir segura em outro caminho. Ambas são criaturas falhas e, apesar de tudo, são amigas.

Inclusive, o próprio “triângulo amoroso” de Wicked: For Good é bastante único. Afinal, a disputa pelo coração de Fiyero é mais circunstancial que qualquer outra coisa. E, bom, muita gente por aí definitivamente está torcendo para que as duas bruxas fiquem juntas. 

Com dilemas mais adultos e músicas menos pegajosas, este longa-metragem pode não ser tão mágico quanto seu antecessor, mas o truque deve ser suficiente para garantir um merecido sucesso. Wicked: For Good é uma excelente opção para aproveitar uma sala de cinema confortável, uma boa pipoca e um sistema de som de qualidade – é o tipo de experiência que realmente não dá para replicar na sala de casa.

Outras divagações:
Wicked: Part I

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