Eu acho Zootopia uma animação muito simpática. Mesmo que ele não tenha tido o mesmo fôlego que outros filmes da Disney de sua época (especialmente Frozen e Moana), aparentemente, sua boa reputação foi o suficiente para render uma continuação quase dez anos depois.
Porém, ainda que o universo da obra pudesse ser expandido, sinto que os personagens já tinham dado o que tinham que dar. Assim, eu temia que uma continuação como essa fosse apenas seguir pelo mesmo caminho do filme anterior ou, pior ainda, rebobinasse a progressão dos personagens com algum drama artificial. E não é que isso aconteceu?
Começando pouco tempo depois do filme anterior, Judy Hopps (Ginnifer Goodwin/Monica Iozzi) e Nick Wilde (Jason Bateman/Rodrigo Lombardi) são oficiais parceiros no departamento de polícia de Zootopia. Incapazes de mostrar resultados e desacreditados perante a corporação, a dupla resolve investigar de maneira clandestina o possível reaparecimento de répteis na cidade, especialmente depois que uma cobra, Gary (Ke Huy Quan/Danton Mello), rouba um livro de um importante industrialista durante uma festa de gala.
Não quero dar nenhum spoiler, mas preciso dizer que, infelizmente, Zootopia 2 não vai ganhar nenhuma premiação no quesito originalidade. Estruturalmente, o filme é muito similar ao anterior, com as tensões “raciais” em destaque, uma possível espécie sendo oprimida por outra, maquinações para vilanizar a dita cuja, e um vilão surpresa que você vê chegando de longe. Desse modo, acho que eu ficaria mais surpreso se o filme tivesse sido bem objetivo e direto sobre os seus antagonistas do que com a tentativa de dar a reviravolta de sempre.
As tensões entre os protagonistas são mais ou menos as mesmas; e a barra é forçada para que o drama seja muito maior do que deveria. Mas estes conflitos são expressos de modo um pouquinho mais subjetivo, então, dou uns pontos para o roteiro, que tentou falar dos complexos que moldam as nossas atitudes de um modo um pouco mais maduro.
Dessa vez, a mensagem de que “se comunicar é importante” (e que terapia pode fazer bem), apesar de óbvia, é bem executada e fiquei legitimamente emocionado quando os personagens puderam realmente discutir suas diferenças. Consigo até mesmo relevar o subtexto claramente romântico entre os dois protagonistas que não se resolve – e nunca vai se resolver – devido às “implicações”. Mas fazer o quê, não é mesmo?
Apesar da familiaridade, Zootopia 2 é competente no que faz, a animação continua bacana, o design de personagens é muito bom e expressivo e o filme tem um ritmo gostoso e sequências legais. Talvez eu pudesse reclamar um pouco do humor, que nem sempre tem o timing cômico adequado e me parece meio travado, mas isso pode ser o efeito dublagem.
Aliás, mesmo com uma boa escolha de vozes, a produção tem uma direção que fica aquém do desejado e, infelizmente, das mais de cem sessões diárias do filme aqui na minha cidade, apenas uma é legendada (e no horário mais estapafúrdio possível). Então, não posso realmente dizer se a culpa é do texto original.
Zootopia 2 não é mais Zootopia: ele é Zootopia de novo. O longa-metragem faz muito pouco para expandir o universo para além de uma direção meio óbvia e se contenta em traçar os caminhos familiares do anterior. Se isso lhe interessa ou se você realmente quer revisitar aquele mundo (e ouvir uma música grudentíssima da Shakira), é um filme perfeitamente aceitável e que vai divertir por uma hora e meia. Sinceramente, funcionou melhor para mim do que Moana 2 ou Frozen II (o que não é exatamente muita coisa, mas é algo).
Outras divagações:
Zootopia
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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