Divagações: In Bruges

Sabe quando sua curiosidade por um filme é despertada por um elemento aleatório? In Bruges já constava na minha lista de “quero ver”, mas d...

Sabe quando sua curiosidade por um filme é despertada por um elemento aleatório? In Bruges já constava na minha lista de “quero ver”, mas definitivamente não figurava nas primeiras posições. Até que alguém no twitter mencionou o filme e o fato do título nacional ser absurdo (desculpa gente, não guardei quem foi). Então, os sininhos tocaram dentro da minha cabeça e o filme foi catapultado para o Top 10. Incrível, não? A propósito, o título nacional (Na Mira do Chefe) até faz sentido, mas está longe de passar a ideia geral.

O filme conta a história de dois assassinos por encomenda que são obrigados a passar o final de ano em uma cidade turística na Bélgica, chamada Bruges. Um deles se chama Ken (Brendan Gleeson) e parece satisfeito em ficar passeando e conhecendo igrejas. Já o outro é Ray (Colin Farrell), um homem mal-humorado e atormentado que quer sair dali acima de tudo. Em sua última (e primeira) missão, Ray matou acidentalmente uma criança e está assustado com as possíveis consequências. Suas únicas distrações na cidadezinha acontecem por causa de uma filmagem estrelando o anão Jimmy (Jordan Prentice) e que – de brinde – traz a bela Chloe (Clémence Poésy). Obviamente, a moça tem um ex-namorado irritante (Jérémie Renier). As coisas estão caminhando quando o chefão dos dois assassinos, Harry (Ralph Fiennes), liga explicando a nova missão.

Acho que um dos grandes méritos de In Bruges é tentar mostrar os matadores profissionais como sendo pessoas de verdade. Eles têm sentimentos e sofrem. Além disso, não vivem uma vida repleta de emoções, cheia de correrias e perseguições com múltiplos meios de transporte. Pelo contrário, passam por períodos de agonia entre um trabalho e outro e tem que engolir mandantes babacas. Claro que um filme que retrata uma situação como essa não procura ser exatamente fiel à realidade, de modo que há diversas passagens divertidas e até absurdas, misturando a tensão com um pouco de comédia (e de repente você se preocupa por estar rindo de algo tão trágico).

Ignorando o fato que uma grande parcela do elenco esteve em filmes da série de Harry Potter (reparem), acho que boa parte do impacto de In Bruges se deve a essa junção de pessoas estranhas. Além dos contrastes físicos sempre ressaltados (e não só no caso do anão), existem diferenças de personalidades bem grandes entre os personagens. Desde o assassino arrependido até a traficante com rosto de boneca, passando pelo chefão que é pai de família e pelas peculiaridades de todos os outros. Cada personagem tem seus próprios preconceitos em um universo fechado onde é impossível rotular completamente alguém.

Na verdade, o filme não tem uma história brilhante e nem é exatamente inovador, mas traz um conjunto de escolhas certas que ajudam a desenrolar essa trama da maneira mais adequada possível (eu tenho minhas dúvidas quanto a atuação de Colin Farrell, mas tudo bem). Sem apelar para maluquices visuais ou narrativas nem para um humor fácil, In Bruges consegue divertir sem incomodar ninguém e cumprindo seu papel. Provavelmente não é o filme favorito de muita gente, mas deve aparecer bem cotado nas recomendações aos amigos.

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