Divagações: Nowhere Boy

Eu já esteva perdendo a esperança de ver Nowhere Boy no cinema quando – de repente – o filme apareceu solitário, em uma única sala no Ci...

Eu já esteva perdendo a esperança de ver Nowhere Boy no cinema quando – de repente – o filme apareceu solitário, em uma única sala no Cinemark do Shopping Mueller. Eu não poderia perder essa oportunidade, já que tinha ficado apaixonada desde o primeiro trailer. Além disso, o filme trazia Aaron Johnson no papel principal. Se ele já era uma gracinha com uma roupa verde e de borracha em Kick-Ass, imaginem interpretando John Lennon.

Nesse ponto, não me decepcionei. Mesmo com o sotaque por vezes forçado e uma atuação ainda carente de maturidade, Johnson encanta com seu charme próprio. Talvez a escolha dele para o papel não tenha sido das mais felizes, mas foi uma boa oportunidade para ele mostrar que aceita desafios e que pode crescer como ator (vamos apagar o fato de que Sam Taylor-Wood, a diretora do filme, está grávida de um filho dele, ok?). Se ele souber administrar a carreira e continuar com uma boa seleção de trabalhos, há um grande futuro a frente.

Seu John Lennon em Nowhere Boy é um rapaz alegre, mas cheio de problemas familiares que acabam deixando seu comportamento inconstante e conturbado. Dono de uma personalidade forte e uma falta de responsabilidade tremenda, ele sabe que tem potencial. Só não sabe para quê. A descoberta de seu caminho na música se dá justamente quando sua vida pessoal vira de cabeça para baixo. Com a morte de seu tio George (David Threlfall), que o criou como a um filho, Lennon começa a ter problemas de relacionamento com sua tia Mimi (Kristin Scott Thomas, perfeita) e acaba se reencontrando com a mãe que o abandonou ainda na infância (Anne-Marie Duff). A transformação em músico também é marcada por novos amigos, como Paul McCartney (Thomas Brodie-Sangster) e George Harrison (Sam Bell), além de novos dramas.

Ainda assim, é tão gostoso se deixar levar pela atmosfera da Inglaterra na década de 1950... As roupas, as músicas, as casas, os cabelos, os carros, enfim, tudo parece um sonho. Talvez eu gosto tanto desse período por culpa de filmes como Nowhere Boy, que me fazem sentir nostalgia daquilo que nunca vivi – e daquela juventude rebelde sem causa.

O filme fez a opção interessante de manter o foco na família e na formação da personalidade de John Lennon. Em nenhum momento é dito quem ele se tornou, sua importância ou qualquer informação relevante sobre a banda que o fez famoso. O problema nisso é que o filme acaba se arrastando em um drama sem fim e deixando a desejar na parte musical.

No final das contas, resta a dúvida se Nowhere Boy é um filme bom ou ruim. Definitivamente, não é aquilo que eu pretendia ver. Faltou paixão e ternura na construção da imagem desse rapaz que faz letras de música tão bonitinhas sobre garotas e relacionamentos. A partir de um determinado momento, Paul começa a despertar mais simpatia que seu amigo. Isso não deveria acontecer, deveria? Aliás, fiquei com vontade de ver mais o Thomas Brodie-Sangster por aí, ele é muito fofo e atua muito bem.

Na verdade, todo o elenco estava empenhado em mostrar um bom trabalho e é por isso que o filme merece ser visto, mesmo com sua tendência ao dramalhão e o fato de que, não importa o que aconteça, Aaron Johnson nunca será John Lennon.

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