Divagações: The Last Airbender
24.3.11O que define um fracasso? Muita gente coloca The Last Airbender nessa categoria, mas não explica muito bem a razão. De acordo com o site Box Office Mojo, o filme arrecadou quase 320 milhões de dólares ao redor do mundo. Obviamente, deve ser considerado que o custo do filme foi de 150 milhões e estima-se que o lucro só comece depois que as bilheterias alcançam três vezes esse valor. Ou seja, faltaram cerca de 130 milhões de dólares o que, sem dúvida é um prejuízo considerável.
Mas por que isso aconteceu? Só para começar, esse novo projeto de M. Night Shyamalan não estava sendo visto com bons olhos pela crítica, uma vez que vinha após uma sucessão de fracassos de bilheteria e era a primeira vez que o diretor faria uma adaptação; justamente ele, sempre reconhecido por seu trabalho autoral. Além disso, o fato do título do material original (Avatar) não ser usado também parecia ser um mau sinal. De qualquer forma, nada disso faria muita diferença se o filme fosse realmente bom. Sinceramente, ele não é um desastre, embora esteja longe de receber louvores.
The Last Airbender conta a história de Aang (Noah Ringer), um menino capaz de controlar os quatro elementos (ar, água, terra e fogo). No mundo onde ele vive, as pessoas nascem e crescem dentro de tribos regidas por algum desses meios, onde existem pessoas capazes de controlar o elemento em questão. No entanto, apenas Aang é capaz de comandar os quatro, sendo assim chamado de Avatar. O problema é que isso implica em uma grande responsabilidade, que ele não conseguiu aguentar. Assim, depois de ficar desaparecido por um século, Aang é encontrado pelos irmãos Katara (Nicola Peltz) e Sokka (Jackson Rathbone). Ele, então, é reconhecido como o último mestre do ar, pois toda a tribo capaz de controlar esse elemento foi destruída pelos controladores do fogo, que procuravam pelo Avatar. A partir desse ponto, eles precisam lutar para libertar as tribos dominadas pelos controladores do fogo e, ao mesmo tempo, fugir da perseguição implacável do príncipe Zuko (Dev Patel).
Nem preciso dizer que, nesse universo mágico, há muito espaço para coisas encantadoras e intrigantes. É fácil conquistar a atenção do público com os cenários, os figurinos, as diferentes culturas e as motivações de personagens tão diferentes do que estamos habituados. Se você tem até doze anos, The Last Airbender vai ser um filme realmente interessante e divertido. Há muitas chances de você gostar. O detalhe é que a classificação indicativa do filme, por causa das cenas de lutas, gira em torno de 10 a 12 anos. Ou seja, tem alguma coisa errada.
Sem dúvida, o filme não foi feito para crianças. O público-alvo eram os adolescentes, que tendem a não gostar de ver um protagonista mais novo que eles e que são perfeitamente capazes de perceber o quanto o elenco do filme é absurdamente fraco, principalmente os dois irmãos que foram, junto com Aang, o trio principal. Os fãs da série original, por sua vez, também não aprovaram a adaptação, que simplificou demais o material na transposição para o cinema. Esse aspecto, aliás, chega a ser perceptível mesmo para quem nunca teve contato com esses personagens. A complexidade parece ter sido em grande parte reduzida para fazer tudo caber em pouco mais de uma hora e meia de filme, mas essa estratégia serviu apenas para emburrecer o filme, tornando-o vazio.
Ainda assim, The Last Airbender tem seus méritos por ser visualmente bonito e por trazer uma história diferenciada para um público mais amplo. Pode não ser uma grande obra em si, mas se abrir caminho para novas investidas no gênero, vai acabar rendendo resultados interessantes. É muito superior a Dragonball Evolution e, imagino, não será um fracasso financeiro por muito tempo. A venda de DVDs, Blu-Ray e direitos para transmissão televisiva deve tapar o rombo financeiro.
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