Divagações: Captain America - The First Avenger

Conheço muita gente que sempre torceu o nariz para uma adaptação cinematográfica desse personagem e os argumentos eram variados: o herói não...

Conheço muita gente que sempre torceu o nariz para uma adaptação cinematográfica desse personagem e os argumentos eram variados: o herói não é universal o bastante para o cinema global; o visual é absolutamente datado e não funciona fora dos quadrinhos; as motivações não convencem em um mercado que busca cada vez mais verossimilhança com a realidade. Então, não é exagero dizer que uma sombra agourenta sempre pairou sobre um pretenso filme de Captain America, mas não posso culpar os fãs de quadrinhos. Depois da péssima adaptação em 1990, o medo não é injustificado.

Pois bem, 20 anos se passaram e a Marvel resolveu renovar a sua linha de filmes de heróis com aqueles personagens que – felizmente – não tiveram seus direitos vendidos para a Fox durante a quase falência da empresa em meados dos anos 1990... Entre eles, estava um dos mais antigos e icônicos heróis da empresa, o Captain America. E, com The Avengers a caminho, a película solo do primeiro vingador era apenas questão de tempo. Contrariando todas as previsões apocalípticas e o amplo receio da crítica, Captain America: The First Avenger chegou ao cinema ainda pegando carona nos bons resultados de Thor. A trama também tem um ar bastante similar a X-Men: First Class, sobretudo por se passar em um momento histórico bastante anterior ao que nós estamos acostumados a ver nos filmes de heróis.

A trama já estava bem delineada nos trailers. Steve Rogers (Chris Evans) é um garoto franzino e frágil que só quer ajudar o seu país em um momento de necessidade, mas o que sobra de bondade no rapaz falta em físico. Como consequência, Rogers é constantemente rejeitado nos exames de alistamento do exército. Para piorar, seu melhor amigo Bucky (Sebastian Stan) está prestes a ser mandado para as linhas inimigas. A persistência de Rogers, no entanto, acaba chamando atenção do Dr. Abraham Erskine (Stanley Tucci), que oferece a chance para aquele sujeito fraco se tornar, literalmente, um herói.

A partir dessa premissa básica, temos a transformação de Steve Rogers de um ninguém para um ícone da nação americana. Digo isso sem eufemismos, pois um dos grandes méritos do filme é justamente transpor para as telas a figura do personagem como um ícone da propaganda de guerra americana. Na verdade, essa é uma das situações mais interessantes do filme, quando vemos como a fama do “herói” e a sua iconografia precedem a própria existência de Rogers como o Captain America.

Como em toda a história de herói sempre deve haver um vilão, Red Skull (Hugo Weaving) tem sido citado por muitos como o novo grande vilão após o Joker de The Dark Knight. No entanto, sinto lhes dizer que não é para tanto. Falta a ele uma pitada maior de originalidade e personalidade – nazistas a parte, Red Skull está mais próximo do Coronel Hans Landa de Inglorious Basterds (mesmo sem aquela finesse deliciosa que levou o ator ao Oscar) do que do icônico papel de Heath Ledger.

O filme em si é bem amarrado, funcionando bem para anteceder The Avengers. O visual é interessante, mesmo que as atuações não nos entreguem nada de excepcional. Até mesmo porque senti uma falta de polidez em alguns aspectos do filme. Assim como em X-Men: First Class, às vezes fica a impressão de um filme feito para a televisão, sem aquela grandiosidade dos blockbusters. O próprio 3D é apenas uma conversão sem muitas novidades, não que isso incomode... Depois da overdose de filmes em três dimensões dos últimos meses, você começa a se acostumar tanto com o efeito que se vê no direito de exigir algumas coisas diferentes de vem em quando, mas, como já disse, esse não chega a ser um defeito grave da película.

Captain America: The First Avenger é um filme interessante, embora talvez seja bem menos para quem não conhece o personagem dos quadrinhos ou para aqueles que caíram de paraquedas no novo universo cinematográfico da Marvel. Já para quem espera ansiosamente por The Avengers, o filme mostra o seu verdadeiro brilho, repleto de referências aos filmes do estúdio e o encaixando dentro de um contexto bem mais amplo. Por mais que, pessoalmente, eu tenha preferido Thor (que funciona muito bem como um filme em separado), não posso deixar de enxergar Captain America: The First Avenger como um excelente prólogo. Por mais que ele sozinho não seja uma obra-prima, já cumpre muito bem o seu papel de nos deixar ansiosos pelo que está por vir.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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1 recados

  1. Não esperava tanto do filme, as críticas que eu venho lendo são bastante positivas. Vou conferir no cinema! Deu vontade!

    Abs.

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