Divagações: Don’t Be Afraid of the Dark

Lá venho eu mais uma vez dizer que não sou fã de terror e não costumo ficar com medo no cinema (levo sustos com músicas súbitas em qualquer filme ou momento do dia, mas não tenho medo de meninas girando o pescoço nem de gêmeas com vestidos de babados). Na verdade, andei pensando sobre o real público de um filme de terror. Afinal, se você adora, deve perder o medo com o tempo, o que não é legal. E se você tem muito medo, deve evitar esse tipo de filme. Suponho que o ideal seja o ‘medroso ousado’, aquele que tem pavor, mas quer testar seus limites e acaba fechando o olho quando a coisa aperta. Para esse tipo de gente, recomendo Don’t Be Afraid of the Dark (não para você que acha muito legal ver pessoas sendo torturadas ou mortas de jeitos absurdos).

A estrutura do filme é de um terror clássico. Sally (Bailee Madison) é uma menina chata e problemática que a mãe simplesmente empurrou para o pai, Alex (Guy Pearce). Ele, por sua vez, trabalha reformando casas antigas e as revendendo, algo que agora faz em companhia da namorada Kim (Katie Holmes). Os três tentam viver em harmonia na enorme e escura mansão que está em reformas, mas Sally começa a se afastar do casal, alegando ouvir vozes que a chamam para brincar. Com o tempo, no entanto, conversar com as criaturas que vivem no sistema de ventilação da casa começa a assustar a menina – e a descoberta de um perigoso porão, onda coisas horríveis aconteceram, também não ajuda.

Assim, o filme começa com um prólogo realmente marcante, que ajuda a criar a tensão sobre os três personagens principais, especialmente Kim e Sally. O cenário também colabora bastante nesse processo, inclusive o exterior da casa, cheio de jardins e entulhos da reforma. A medida que a menina vai se deixando envolver, a expectativa apenas cresce, criando mais suspense que efetivamente assustando, o que é bastante eficiente e garante os melhores momentos de Don’t Be Afraid of the Dark.

No entanto, as criaturas que deveriam assustar – e que não poderiam aparecer na luz – começam a ser um tanto quanto frequentes demais no último terço do filme, diminuindo o impacto do próprio medo do escuro. Afinal, se você sabe que elas existem e são perfeitamente ‘matáveis’, digamos assim, que tal se armar e tentar resolver a questão na força? Suponho que muitos holofotes e um veneno bem poderoso já dariam conta do recado. Claro que, nesse ponto, entra a fragilidade infantil e o fato de ninguém acreditar em meninas que já são consideradas problemáticas desde o começo da história.

Mas não se preocupe com isso! O filme dá medo sem apelar para coisas nojentas e conta bem a sua história. Quem também merece atenção é a protagonista Bailee Madison, que entrega uma atuação mais convincente que a de seus colegas adultos – mas não vamos negar que esse era o único papel mais desenvolvido do filme. Assim, Don’t Be Afraid of the Dark é ótimo e representa uma excelente estreia para o diretor Troy Nixey (mesmo que Guillermo del Toro seja roteirista, produtor e tenha seu nome em todos os cartazes). Só não digo que dá para ver sem medo porque, obviamente, isso não seria bom para a reputação do filme.

Comentários

  1. Bom, eu sou cagona. FATO

    Quase tive um treco de tanto medo, me revirava na cadeira, fechava o olho...

    Enfim, não sou fã de terror, continuo não sendo. Aliás, só assisti pq a srta me enganou!

    Bju!!!

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  2. Bom, antes de qualquer coisa, eu tenho salvo o seguinte diálogo:

    Renata: Quer ver o Não Tenha Medo do Escuro?
    Zizi: É aquele do Guillermo del Toro, né? Estou a fim sim! Pode amanhã ou prefere dia de semana?

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  3. Essas conversas particulares nas resenhas... Eeee leie

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  4. Posso garantir que foi uma sessão bastante divertida!

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