Divagações: The Hunger Games

Quando um filme alcança nos Estados Unidos a terceira maior bilheteria em estreias da história, ele não pode ser ignorado. The Hunger Gam...

Quando um filme alcança nos Estados Unidos a terceira maior bilheteria em estreias da história, ele não pode ser ignorado. The Hunger Games conquistou não apenas isso. Sem ser uma continuação, o filme obteve recordes na venda de ingresso para sessões especiais de estreia e fez todo mundo ficar pensando: de onde surgiu isso? Afinal, aqui no Brasil o filme teve uma divulgação morna, mas mesmo assim conseguiu pelo menos atiçar a curiosidade de quem nunca havia sequer ouvido falar dos livros de Suzanne Collins – sim, pode aguardar pelas continuações.

À história! Em um determinado país, a capital é rica e 12 distritos existem basicamente para abastecê-la. Quando eles se rebelam, acabam perdendo a batalha e, como uma espécie de punição, todos os anos cada um deles precisa oferecer uma menina e um menino para participarem de uma competição televisiva, onde precisam lutar por suas vidas e só haverá um vencedor. A perspectiva é aterrorizante para os jovens e, quando a pequena Primrose Everdeen (Willow Shields) é escolhida como tributo do Distrito 12, sua irmã se oferece para tomar seu lugar. Assim, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) parte ao lado de Peeta Mellark (Josh Hutcherson), deixando para trás a família e o amigo Gale Hawthorne (Liam Hemsworth).

A partir desse ponto, entramos mais em contato com a realidade completamente diferente vivida na capital do país e com a terrível perspectiva que está diante desses jovens. No entanto, o destaque está todo voltado para  Katniss e é apenas com ela que nos importamos seriamente. São poucos os personagens que ganham algum espaço maior, como a pequena Rue (Amandla Stenberg). Mas como sabemos que todos eles irão morrer, talvez assim seja melhor para um público mais novo – não estamos falando de Game of Thrones, afinal.

De qualquer forma, o grande mérito de The Hunger Games, maior do que conquistar uma legião de fãs, é ser bom e diferente ao mesmo tempo. Há uma protagonista feminina de personalidade forte (alçando Jennifer Lawrence ao status de estrela adolescente); um mundo com suas próprias características, inclusive políticas e sociais; nenhum grande romance capaz de mover montanhas; e nada de magia ou poderes especiais. Para quem simplesmente lê a sinopse, a premissa parece ser difícil de acreditar, mas o filme utiliza um bom recurso para isso: sem muitas explicações, é assim que é e acabou. Alguns personagens ajudam nesse processo, como a enviada da capital para a seleção dos tributos, Effie Trinket (Elizabeth Banks), e o treinador do Distrito 12, Haymitch Abernathy (Woody Harrelson).

O filme é razoavelmente longo, mas o espectador quase não sente isso. Não há pressa para apresentar os personagens e tudo parece fluir bem. Quando o torneio efetivamente começa, o ritmo fica mais rápido, mas a tensão construída é tanta que a transição brusca faz parte do que se espera. Mesmo tendo um desenvolvimento bastante óbvio, certos aspectos desse mundo – e as suas semelhanças com o nosso – garantem a atenção.

Além disso, o elenco que interessa e boa parte dos personagens secundários/terciários entrega um bom trabalho que, aliado com uma direção de arte caprichada, efeitos visuais bastante convincentes e um figurino exuberante (é de assustar, mas é legal!), faz com que o filme não seja facilmente esquecido. Para os fãs, sem dúvida The Hunger Games vai representar uma experiência maravilhosa. Já quem entrar na sala por curiosidade não vai querer deixar passar a oportunidade de ver a continuação ou até de comprar o livro.

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