Divagações: This Means War
13.3.12
Todos os anos, dezenas de romances com diferentes graus de qualidade
são produzidos para o Valentine’s Day estadunidense (o Dia dos Namorados). Surpreendentemente,
só uma parcela deles chega às terras tupiniquins e geralmente vem atrasados –
não que isso importe muito, já que 14 de fevereiro não tem muito significado
cultural para nós. De qualquer modo, aqueles que acabam aportando por aqui são
justamente os com um grande apelo comercial, frutos de uma grande franquia ou
os que tentam se destacar de algum modo. Acredito que esse seja o caso de This Means War, já que a sua proposta é justamente trazer um pouco de tudo, em uma
vã tentativa de agradar gregos e troianos, namorados e namoradas.
FDR Foster (Chris Pine) e Tuck (Tom Hardy) são dois agentes veteranos
da CIA e, também, grandes amigos, ainda que tenham personalidades totalmente
opostas. Depois de terem estragado uma operação sigilosa, causando a morte de
um grande chefe criminoso, a dupla é impedida de sair para trabalhos de campo.
Presos na vida burocrática do escritório, eles resolvem tirar um tempo para as
suas vidas pessoais, sobretudo Tuck, que busca um novo romance. Eis que ele
conhece Lauren (Reese Witherspoon), uma empresária fracassada no amor que chama
a sua atenção. Porém, por uma ironia do destino, FDR também se interessa por
Lauren, gerando uma disputa entre os dois agentes pela atenção da garota.
Lembram do que eu disse sobre tentar trazer um pouco de tudo? É clara
a intenção da produção em tentar segurar várias camadas do público. Temos um
romancezinho para as garotas, um pouco de ação para quem não tem paciência para
o melodrama e até uma dose de comédia – um pouco barata, admito – para quebrar
o ritmo. Talvez essa seja a grande fraqueza, mas é também a força do filme. Por
um lado, temos um produto palatável, divertido e que não chega a enjoar, mas,
do outro, falta um pouco de foco e de atenção as minúcias dos temas. De certo
modo, temos aqui uma versão de Mr. & Mrs. Smith, mas sem tanto glamour e
bem menos afiado.
Infelizmente, nenhum personagem chega a ser memorável e o roteiro é solto
demais. O ‘vilão’ do filme só aparece como pretexto para mais algumas cenas de
ação e é absolutamente mal desenvolvido durante a trama, de modo que é
perfeitamente aceitável que você chegue ao final do filme sem entender o que
ele fazia e o que ele queria afinal de contas. Essa característica se aplica
também aos personagens de apoio, que pouco fazem se não enfatizar o conflito
entre os protagonistas, não se esforçando para afastar essa bidimensionalidade
da história. Para piorar, a própria solução dada para o problema central – quem
vai ficar com a garota – é incoerente e não consegue convencer, sobretudo
observando todo o histórico do filme até aquele momento.
Enfim, não há muito o que dizer, já que tanto as qualidades quanto os
defeitos de This Means War são bastante aparentes. Obviamente, esse não é um
grande filme, do tipo que vai fazer você pensar ou refletir. Ainda pior, ele dificilmente
permanecerá em sua cabeça por mais de 20 minutos depois do término da sessão (inclusive,
é melhor não tentar analisar as falhas do filme depois de assistir, já que elas
ficam cada vez mais aparentes). De todo modo, esse é um entretenimento em sua
forma pura, cinema pipoca para aqueles que não querem nada além de passar duas
horas se divertindo. Mesmo não sendo nada demais, This Means War não chateia em
nenhum momento e vale um bom programa no final de tarde.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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