Divagações: This Means War

Todos os anos, dezenas de romances com diferentes graus de qualidade são produzidos para o Valentine’s Day estadunidense (o Dia dos Namor...

Todos os anos, dezenas de romances com diferentes graus de qualidade são produzidos para o Valentine’s Day estadunidense (o Dia dos Namorados). Surpreendentemente, só uma parcela deles chega às terras tupiniquins e geralmente vem atrasados – não que isso importe muito, já que 14 de fevereiro não tem muito significado cultural para nós. De qualquer modo, aqueles que acabam aportando por aqui são justamente os com um grande apelo comercial, frutos de uma grande franquia ou os que tentam se destacar de algum modo. Acredito que esse seja o caso de This Means War, já que a sua proposta é justamente trazer um pouco de tudo, em uma vã tentativa de agradar gregos e troianos, namorados e namoradas.

FDR Foster (Chris Pine) e Tuck (Tom Hardy) são dois agentes veteranos da CIA e, também, grandes amigos, ainda que tenham personalidades totalmente opostas. Depois de terem estragado uma operação sigilosa, causando a morte de um grande chefe criminoso, a dupla é impedida de sair para trabalhos de campo. Presos na vida burocrática do escritório, eles resolvem tirar um tempo para as suas vidas pessoais, sobretudo Tuck, que busca um novo romance. Eis que ele conhece Lauren (Reese Witherspoon), uma empresária fracassada no amor que chama a sua atenção. Porém, por uma ironia do destino, FDR também se interessa por Lauren, gerando uma disputa entre os dois agentes pela atenção da garota.

Lembram do que eu disse sobre tentar trazer um pouco de tudo? É clara a intenção da produção em tentar segurar várias camadas do público. Temos um romancezinho para as garotas, um pouco de ação para quem não tem paciência para o melodrama e até uma dose de comédia – um pouco barata, admito – para quebrar o ritmo. Talvez essa seja a grande fraqueza, mas é também a força do filme. Por um lado, temos um produto palatável, divertido e que não chega a enjoar, mas, do outro, falta um pouco de foco e de atenção as minúcias dos temas. De certo modo, temos aqui uma versão de Mr. & Mrs. Smith, mas sem tanto glamour e bem menos afiado.  

Infelizmente, nenhum personagem chega a ser memorável e o roteiro é solto demais. O ‘vilão’ do filme só aparece como pretexto para mais algumas cenas de ação e é absolutamente mal desenvolvido durante a trama, de modo que é perfeitamente aceitável que você chegue ao final do filme sem entender o que ele fazia e o que ele queria afinal de contas. Essa característica se aplica também aos personagens de apoio, que pouco fazem se não enfatizar o conflito entre os protagonistas, não se esforçando para afastar essa bidimensionalidade da história. Para piorar, a própria solução dada para o problema central – quem vai ficar com a garota – é incoerente e não consegue convencer, sobretudo observando todo o histórico do filme até aquele momento.

Enfim, não há muito o que dizer, já que tanto as qualidades quanto os defeitos de This Means War são bastante aparentes. Obviamente, esse não é um grande filme, do tipo que vai fazer você pensar ou refletir. Ainda pior, ele dificilmente permanecerá em sua cabeça por mais de 20 minutos depois do término da sessão (inclusive, é melhor não tentar analisar as falhas do filme depois de assistir, já que elas ficam cada vez mais aparentes). De todo modo, esse é um entretenimento em sua forma pura, cinema pipoca para aqueles que não querem nada além de passar duas horas se divertindo. Mesmo não sendo nada demais, This Means War não chateia em nenhum momento e vale um bom programa no final de tarde.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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