Divagações: Jack Reacher
10.1.13
Com um nome genérico, um passado obscuro, nenhum registro (eleitor, motorista, passaporte e coisas assim), treinamento militar de qualidade e muita força, Jack Reacher é um personagem óbvio e fácil para filmes de ação. Tanto que, imagino, One Shot foi renomeado como Jack Reacher para facilitar nas continuações. Ele é muito bom e pode ser encaixado em praticamente qualquer roteiro do gênero com facilidade. Só para ajudar, o autor Lee Child já publicou quase vinte livros de grande popularidade com esse protagonista.
A grande vantagem do filme Jack Reacher é que a história é interessante. Um atirador mata cinco pessoas aleatoriamente e deixa atrás de si uma cena de crime repleta de provas, o que leva o investigador Emerson (David Oyelowo) diretamente para sua casa. Ao invés de confessar o que fez, no entanto, ele pede a presença de Jack Reacher (Tom Cruise), um homem que tem muitos motivos para não ficar do seu lado. Para a surpresa do promotor responsável pelo caso, Rodin (Richard Jenkins), Reacher aparece sem nem ser chamado e começa a colaborar com a advogada do atirador, Helen (Rosamund Pike), que também é filha do promotor.
Ok, a sinopse acima não parece muito interessante, mas os desdobramentos e as reviravoltas do filme serão capazes de manter a sua atenção. Só peço o desconto habitual dado a filmes de ação, onde coisas um tanto quanto sem sentido podem ocorrer (como uma pessoa desmaiada sendo retirada do elevador de um prédio público por dois capangas fortões sem ninguém ver). Esse foi só um exemplo e eu espero que você se divirta com os amigos enquanto descobre mais alguns detalhes furados.
Voltando ao assunto! Protagonista misterioso e bonitão, história suficientemente interessante, clichês de filme do gênero, algumas falhas típicas. Resumindo, Jack Reacher não machuca ninguém (estou me referindo ao filme), cumpre seu papel com louvor e ocupa um espaço que estava em branco. Pense bem: qual foi o último filme de ação que você assistiu no cinema? Em breve teremos mais alguns, mas acho que nenhum se encaixa tão bem na minha definição mental de “filme de ação” quanto Jack Reacher.
Claro que o filme não é perfeito. Eu, particularmente, gosto do lado detetive do protagonista e fico feliz que a perseguição seja entre dois carros e não entre um helicóptero, um trem e um barco, mas esse é um lado de mim que procura sentido em coisas que não precisam disso. Ainda assim, não posso negar que o filme só começa a funcionar quando joga tudo isso para o alto e resolve ter atiradores em todos os cantos, um vilão com sotaque pesado e um olho a menos, além de alguém (quase) capaz de enfrentar o protagonista com os punhos.
Em certos aspectos, gostaria que certos mistérios da trama permanecessem escondidos por mais tempo, mas também senti certa pressa com o final, onde alguns pontos não ficam bem claros. Como um verdadeiro cavaleiro solitário, Jack Reacher resolve as coisas do seu jeito, não se importa muito com as consequências e volta a desaparecer ao longe. Isso permite que a nova aventura seja completamente independente do que aconteceu nesse primeiro filme e, inclusive, traga uma nova mocinha. Rosamund Pike até se esforçou e sua personagem permaneceu fazendo sentido até o final, mas acho que não tem vocação para mais uma aventura assim.
Sim, eu estou esperando pela continuação, mesmo sem qualquer anúncio do gênero. O filme não foi nenhum arraso nas bilheterias, Tom Cruise está ficando velho, Mission: Impossible 5 deve estrear em 2015, mas eu não me importo: quero mais um desse aqui.
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