Divagações: The Croods

Dando continuidade à tendência iniciada em Rise of the Guardians , The Croods chega para renovar as animações da DreamWorks , que há alg...

Dando continuidade à tendência iniciada em Rise of the Guardians, The Croods chega para renovar as animações da DreamWorks, que há algum tempo estava excessivamente fundada em continuações de franquias consolidadas. Quer seja pelo fim de séries de sucesso como Shrek e Madagascar, quer seja por um genuíno interesse em inovar, ao menos é louvável a iniciativa da empresa em buscar histórias diferentes, ao invés de apostar todas as suas fichas em suas séries mais famosas.

Em The Croods, somos apresentados à família que dá título ao filme: pessoas das cavernas lideradas pelo protetor patriarca Grug (Nicolas Cage). Ele, por sua vez, está sempre às voltas com sua filha rebelde Eep (Emma Stone), seu filho desmiolado Thunk (Clark Duke) e sua sogra inconveniente Gran (Cloris Leachman). A rotina deles geralmente envolve se esconder em sua caverna, temerosos do ambiente hostil a sua volta, algo que, apesar de satisfazer boa parte da família, não consegue apaziguar o espírito curioso de Eep. É justamente essa curiosidade que a leva a conhecer Guy (Ryan Reynolds), um jovem rapaz que parece ter suas próprias ideias sobre o mundo que os cerca e que os alerta para um cataclismo eminente que forçará os temerosos Croods a sair em busca de um novo lar.

Apesar de ter boas intenções, não consegui ver The Croods como um grande sucesso. Falta ao seu tema e a sua abordagem o frescor de uma obra da Pixar que, críticas à parte, sempre soube apresentar não apenas novidades, mas inovações que acompanhavam bem a evolução da tecnologia de animação digital. Assim, mesmo que aparentemente o filme seja interessante, tudo soava como algo que eu já havia visto antes.

O filme é visualmente interessante, com ambientes bem pensados e uma flora e fauna bastante distintas. Em alguns momentos, ele lembra bastante a pegada de The Flintstones, com aqueles anacronismos e a comicidade que eram traços característicos da série.  O 3D é bem utilizado, sobretudo em uma das cenas iniciais que aparentemente só existe para justificar a existência do efeito. Ou seja, The Croods é como muitas animações recentes, apenas uma escolha comercial.

Por mais bem animado que o filme seja, eu me senti especialmente incomodado com o comportamento das texturas dos personagens interagindo com a iluminação, que em certas cenas torna-se um defeito bastante aparente – ou pelo menos me causou certo estranhamento. A dublagem nacional, por mais que esse geralmente seja um ponto de discussão, desta vez se safou bem, não incomodando até quem preferia ouvir as vozes originais.

Realmente, senti aquele sabor de uma história um pouco batida enquanto assistia The Croods, que empresta mesmo que acidentalmente alguns elementos dos capítulos mais recentes da franquia Ice Age. Isso não está apenas na questão de motivações, mas nos arquétipos de alguns personagens. Assim, o roteiro, apesar de ter momentos engraçados, é previsível e chega a evitar algumas escolhas mais corajosas que poderiam muito bem ter sido feitas em prol de um desenvolvimento melhor da história.

Contudo, não posso dizer que The Croods seja um filme ruim ou até mesmo medíocre – talvez seja apenas subaproveitado por um roteiro que escolheu caminhos mais seguros. Obviamente, o filme talvez não satisfaça a necessidade dos mais críticos, mas ele parece funcionar muito bem como uma diversão descompromissada para os mais novos ou  para aqueles que buscam um filme familiar nessas épocas parcas lançamentos.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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