Ok. O ‘livro’ de hoje, na verdade, é uma revista acadêmica feita pelos alunos de Cinema da Faculdade de Artes do Paraná (FAP). Mas com 160 páginas e publicação pela Editora Estronho, acho que ninguém vai achar ruim encontrar a Hatari! Revista de Cinema por aqui.

Em seu primeiro número, a publicação se propôs a fazer um dossiê western. Digno. Um dos gêneros mais clássicos do cinema representa um jeito corajoso de abrir uma publicação – e os autores provam que estudaram direitinho o assunto.

Obviamente, uma publicação acadêmica não é a coisa mais divertida do mundo para se ler. Ainda assim, dá para sentir o quanto essas pessoas gostam de cinema, o que conta muito. A linguagem mistura a sisudez do texto universitário com uma vontade de fazer crítica de cinema e de mostrar repertório. Alguns textos exageram na hora de falar difícil e perdem o tom, mas alguns estão simplesmente no ponto. 

Destaco aqui, alguns dos meus textos favoritos. “Três Westerns Mudos” é um texto de Alexandre Magno sobre alguns dos primeiros filmes do gênero. “O Homem, a Mulher e a Fundação da Sociedade em Céu Amarelo”, de Miguel Haoni, conseguiu me deixar com vontade de largar tudo e ir assistir a Yellow Sky. Já “Wester e Mulheres: Vestígios de um Passado Harmônico”, por causa do título, deu uma ideia errada sobre o que esperar. Ainda assim, o texto de Taynan de Carvalho sobre The Naked Spur é um dos melhores do dossiê. Por fim, “Bang Bang à Espanhola”, de Cristian Verardi, é imensamente informativo e fluído.

De modo geral, a quantidade de temas abordados é bem ampla, mas há tanto para se falar que eu não me surpreenderia se aparecesse um Dossiê Western - Parte 2 no futuro. Aliás, toda a edição é bem caprichada, sendo perceptível que todos os textos passaram por um olhar crítico e apurado. A diagramação deixa um pouco a desejar, parecendo ter um caráter amador, mas nada que atrapalhe demais.

Mas nem tudo é sobre o velho oeste. A parte final da Hatari! Revista de Cinema é dedicada a resenhas diversas e bem livres. Como é de se esperar em um material mais opinativo, discordei de muita coisa do que foi falado, mas suponho que os autores também reclamariam de algumas coisas aqui do Cinema de Novo!

Para quem gosta de cinema e está a fim de expandir seus horizontes, essa publicação é um bom jeito de começar. Isso sem contar que, ao adquirir um exemplar, você estará ajudando em uma iniciativa bem bacana de um grupo de estudantes e de uma editora que acredita na produção nacional de conteúdo. E não se esqueça de assistir aos filmes sugeridos!