Divagações: The Good Dinosaur

É raro um filme da Pixar não ser indicado ao Oscar, mas também é compreensível que o estúdio tenha concentrado sua campanha em Inside Ou...

É raro um filme da Pixar não ser indicado ao Oscar, mas também é compreensível que o estúdio tenha concentrado sua campanha em Inside Out. Por mais que The Good Dinosaur seja uma obra muito bonita, ele é voltado para um público mais novo e não tem a complexidade narrativa de seu ‘colega’.

Aqui, Arlo (Jack McGraw e Raymond Ochoa) é um jovem dinossauro que sofre por ser diferente dos irmãos. Menor e desajeitado, ele também é muito inseguro – uma característica que a pressão familiar acaba apenas ressaltando. Após um acidente que o leva para longe, no entanto, ele esquece seus ressentimentos e decide enfrentar seus medos para reencontrar a família. No trajeto, acaba contanto com a amizade de uma criatura inusitada, o humano Spot (Jack Bright).

A trama é bastante simples e óbvia, isso é verdade. The Good Dinosaur não esconde que é uma produção voltada para as crianças pequenas e segue uma estrutura simples (além de bastante similar a filmes que você já viu antes). O personagem do menino também não tem nenhum compromisso com a realidade, sendo que sua personalidade se baseia mais em um cachorro que em um ser humano.

Mas os detalhes impressionam mesmo assim. Tudo se passa em uma realidade onde os dinossauros não foram extintos e, assim, eles acabaram dominando técnicas de sobrevivências para poder habitar praticamente todas as áreas do planeta. A família do protagonista, por exemplo, tem uma fazenda e guarda milho para sobreviver ao inverno. E há também tiranossauros pecuaristas!

Outro aspecto que faz valer a pena ir ao cinema é a ambientação. Com cenários fotorrealistas, The Good Dinosaur é simplesmente um dos filmes mais bonitos que você verá esse ano. As cenas de animação que envolvem água também são fantásticas e demonstram o quanto a Pixar investe na qualidade de seu trabalho. Em alguns momentos, esse ‘excesso de lindeza’ chega a destoar do design dos personagens, que é mais simples e caricato, quase como se eles já tivessem sido criados com a intensão de virarem brinquedos (cof, cof...).

De qualquer modo, quem vê nem percebe que essa foi uma das produções mais problemáticas da história da Pixar. O filme demorou seis anos para ser feito e chegou a ter seu roteiro completamente modificado (o que também implicou na necessidade de mudar o já anunciado elenco de dubladores). O diretor Bob Peterson saiu do projeto em 2013 e a data original de lançamento (maio de 2014) foi adiada – e é por isso que, naquele ano, o estúdio não lançou nada e, em 2015, teve dois filmes. Segue-se uma crise que implica em um grande número de demissões e Peter Sohn assume como diretor apenas em outubro de 2014. Foi uma trajetória mais emocionante que a do próprio protagonista!

Para aqueles que não estão interessados nos bastidores (ou simplesmente são muito novos para entender tudo isso), The Good Dinosaur é uma opção fofa e leve em meio a tantos filmes tematicamente pesados que devem invadir os cinemas. Afinal, é verão e época de férias!

A propósito, a produção vem acompanhada de um curta-metragem oscarizável! Sanjay's Super Team é muito bonitinho e apresenta uma animação estilizada. Só resta saber se ele está promovendo uma religião (o hinduísmo, no caso) ou incentivando as crianças a trocarem as crenças de seus pais pelos super-heróis. Ateus do mundo, cuidado!

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