Divagações: Alex Strangelove
22.8.18
Antes de falar de Alex Strangelove vou contar um ‘causo’ para vocês. Eu tenho uma péssima memória. Assim, bem ruim mesmo. Se eu não anoto uma coisa, a chance de esquecer é grande. Eis que eu assisti um certo filme e, depois, não conseguia lembrar o título para escrever a resenha. Pior: não conseguia lembrar nem a sinopse para ver se alguém (cof, cof, o Google) poderia me ajudar. Comecei até a ficar na dúvida. Será que eu vi esse filme mesmo ou só sonhei que vi? Afinal, ele não está aparecendo nem ao menos no meu histórico da Netflix.
Eventualmente, por meio de um estalo (cof, cof, uma busca aleatória no Google, onde o pôster de várias produções apareceram lá em baixo), eis que eu ‘lembro’ que o tal filme se chama Alex Strangelove. E também fica bem claro o motivo do meu esquecimento: o filme é absolutamente genérico – bonitinho, porém, genérico.
Não me entendam mal. O fato de termos mais uma produção sobre um rapaz gay descobrindo seu primeiro amor é super positivo e há toda uma demanda para isso. Aliás, chego a dizer que, na falta de uma comédia romântica, esse tipo de história tem sido minha opção preferida para aqueles dias em que quero ver alguma coisa, mas não quero comprometer demais o meu cérebro.
Alex Strangelove (Daniel Doheny) é um rapaz do Ensino Médio que é um tanto quanto nerd e deslocado, mas também não tanto assim. Ele possui seu grupo de amigos fiéis e encontrou uma parceira ideal para os estudos, as festas e as nerdices em Claire (Madeline Weinstein) que, eventualmente, tornou-se sua namorada.
Com a formatura se aproximando, Alex não está lidando bem com a pressão. Seus pais estão preocupados com a entrada em uma universidade e sua namorada quer perder a virgindade. O detalhe é que o segundo ponto gera um estresse bem maior que o primeiro, enfatizando que há algo que o deixa desconfortável no relacionamento. Ao mesmo tempo, quase que por acaso, surge Elliot (Antonio Marziale), um rapaz que tem uma trajetória bem diferente da dele. À medida em que os dois se aproximam, as coisas parecem ir para o lugar na vida de Alex, mas isso também implica que muitas coisas acabarão mudando.
Há alguns pontos que eu gostaria de frisar aqui. Um deles é a descoberta da sexualidade do personagem título. A princípio, eu me incomodei um pouco com alguém que tem uma namorada, já tem mais de 16 anos e que ainda ‘não percebeu’ que se sente atraído por pessoas do mesmo sexo. Isso é, basicamente, um clichê nos filmes do gênero, mas sempre me pareceu forçado. Ao mesmo tempo, não se pode negar a capacidade adolescente de se autoenganar, de transformar tudo em grandes dilemas e de acumular insegurança sobre insegurança sobre insegurança.
Alex Strangelove consegue construir esse cenário de uma maneira relativamente interessante, o que é um grande mérito do trabalho de direção e roteiro de Craig Johnson. Embora as pessoas que cercam o protagonista não sejam tão dramáticas quanto ele, há uma infantilidade geral (e bem-vinda, considerando o contexto de Ensino Médio) no comportamento alheio que torna toda essa jornada mais crível – especialmente quando olhamos para a figura do melhor amigo, Dell (Daniel Zolghadri). Nesse contexto, os flashbacks que tentam trazer insights da formação de personalidade do protagonistas se tornam narrativamente dispensáveis (mas suponho que sejam válidos para ajudar na criação de empatia).
Outro ponto que eu queria levantar é a construção de Claire. A personagem feminina costuma ter um papel bem ingrato nesse tipo de história, mas o filme conseguiu dar a ela um desenvolvimento de personagem que talvez seja até maior que o do protagonista. Vemos a relação com a mãe, os problemas que estão além de seu alcance, as frustrações do dia a dia, as conquistas, as ansiedades e como ela reage às mudanças em seu relacionamento levando em conta todo esse contexto. Ela não é uma vilã, mas também não se coloca como uma vítima da situação.
Com tudo isso, Alex Strangelove é um filme que dá conta daquilo a que se propõe, sendo bastante sensível e respeitoso à temática (com direito a depoimentos reais). Ele não tem qualquer intenção de reinventar a roda, mas também não se esforça em trazer algo realmente diferente para o público. É um genérico bonzinho, que fica bem no meio do catálogo de filmes da Netflix.
Eventualmente, por meio de um estalo (cof, cof, uma busca aleatória no Google, onde o pôster de várias produções apareceram lá em baixo), eis que eu ‘lembro’ que o tal filme se chama Alex Strangelove. E também fica bem claro o motivo do meu esquecimento: o filme é absolutamente genérico – bonitinho, porém, genérico.
Não me entendam mal. O fato de termos mais uma produção sobre um rapaz gay descobrindo seu primeiro amor é super positivo e há toda uma demanda para isso. Aliás, chego a dizer que, na falta de uma comédia romântica, esse tipo de história tem sido minha opção preferida para aqueles dias em que quero ver alguma coisa, mas não quero comprometer demais o meu cérebro.
Alex Strangelove (Daniel Doheny) é um rapaz do Ensino Médio que é um tanto quanto nerd e deslocado, mas também não tanto assim. Ele possui seu grupo de amigos fiéis e encontrou uma parceira ideal para os estudos, as festas e as nerdices em Claire (Madeline Weinstein) que, eventualmente, tornou-se sua namorada.
Com a formatura se aproximando, Alex não está lidando bem com a pressão. Seus pais estão preocupados com a entrada em uma universidade e sua namorada quer perder a virgindade. O detalhe é que o segundo ponto gera um estresse bem maior que o primeiro, enfatizando que há algo que o deixa desconfortável no relacionamento. Ao mesmo tempo, quase que por acaso, surge Elliot (Antonio Marziale), um rapaz que tem uma trajetória bem diferente da dele. À medida em que os dois se aproximam, as coisas parecem ir para o lugar na vida de Alex, mas isso também implica que muitas coisas acabarão mudando.
Há alguns pontos que eu gostaria de frisar aqui. Um deles é a descoberta da sexualidade do personagem título. A princípio, eu me incomodei um pouco com alguém que tem uma namorada, já tem mais de 16 anos e que ainda ‘não percebeu’ que se sente atraído por pessoas do mesmo sexo. Isso é, basicamente, um clichê nos filmes do gênero, mas sempre me pareceu forçado. Ao mesmo tempo, não se pode negar a capacidade adolescente de se autoenganar, de transformar tudo em grandes dilemas e de acumular insegurança sobre insegurança sobre insegurança.
Alex Strangelove consegue construir esse cenário de uma maneira relativamente interessante, o que é um grande mérito do trabalho de direção e roteiro de Craig Johnson. Embora as pessoas que cercam o protagonista não sejam tão dramáticas quanto ele, há uma infantilidade geral (e bem-vinda, considerando o contexto de Ensino Médio) no comportamento alheio que torna toda essa jornada mais crível – especialmente quando olhamos para a figura do melhor amigo, Dell (Daniel Zolghadri). Nesse contexto, os flashbacks que tentam trazer insights da formação de personalidade do protagonistas se tornam narrativamente dispensáveis (mas suponho que sejam válidos para ajudar na criação de empatia).
Outro ponto que eu queria levantar é a construção de Claire. A personagem feminina costuma ter um papel bem ingrato nesse tipo de história, mas o filme conseguiu dar a ela um desenvolvimento de personagem que talvez seja até maior que o do protagonista. Vemos a relação com a mãe, os problemas que estão além de seu alcance, as frustrações do dia a dia, as conquistas, as ansiedades e como ela reage às mudanças em seu relacionamento levando em conta todo esse contexto. Ela não é uma vilã, mas também não se coloca como uma vítima da situação.
Com tudo isso, Alex Strangelove é um filme que dá conta daquilo a que se propõe, sendo bastante sensível e respeitoso à temática (com direito a depoimentos reais). Ele não tem qualquer intenção de reinventar a roda, mas também não se esforça em trazer algo realmente diferente para o público. É um genérico bonzinho, que fica bem no meio do catálogo de filmes da Netflix.
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