Divagações: High-Rise
12.8.20
Baseado em um livro de J.G. Ballard, High-Rise é um daqueles projetos conceituais que ficou circulando por Hollywood durante muitos anos e chegou a ser considerado “infilmável”. Mas, como eventualmente acontece, ele chegou às telas. Com direção de Ben Wheatley e roteiro de Amy Jump, a produção se conseguiu atrair um elenco muito interessante, ainda que o projeto tenha um apelo um pouco “curioso”.
A história se passa nos anos 1970, época de lançamento do livro, e abusa um pouco da caracterização de época para os figurinos, para a arquitetura do prédio onde toda a trama acontece e até para a trilha sonora. Ainda assim, há um certo ar de atemporalidade à situação, já que o conceito não deixa de ser um pouco abstrato.
Em resumo, High-Rise acompanha a chegada do médico Robert Laing (Tom Hiddleston) a um prédio moderno, que faz parte de um grande projeto do arquiteto Royal (Jeremy Irons), ele mesmo um dos moradores. O local funciona como um condomínio autossuficiente, com direito a piscina, academia, spa e até um mercado dentro do próprio edifício. Porém, há muitas regras não escritas, além de uma estrutura social bem estabelecida – quanto mais alto o andar, maior o status do morador.
Enquanto Royal vive na cobertura, no 40º andar, o apartamento de Laing está no 25º e a família endividada e repleta de crianças de Wilder (Luke Evans) e Helen (Elisabeth Moss) está em um dos andares mais baixos. O contraste entre o estilo de vida de cada um deles é gigantesco. Enquanto Royal tem um enorme jardim, com direito a um cavalo branco, Wilder convive com cortes de luz e outras carências.
Ao longo do filme, o protagonista vai entrando em contato com outros moradores do prédio e tenta entender como funcionam as coisas no local. Sua vizinha do andar de cima, Charlotte (Sienna Miller), é uma das melhores fontes de informação e, assim como ele, ela também consegue manter uma boa comunicação tanto com os andares superiores quanto com os inferiores.
Em pouco tempo, porém, essa sociedade exageradamente cheia de contrastes entra em colapso. E, veja bem, basta uma fagulha para que as tensões se transformem em algo muito maior e ainda mais absurdo que as situações vistas até então. Embora isso seja interessante (e esperado), a mudança de tom em High-Rise não tem exatamente o efeito desejado e algumas peças parecem não se encaixar bem. Para completar, o protagonista está em crise por conta de suas próprias ações e não tem suas lealdades bem estabelecidas.
Assim, enquanto o charme de Tom Hiddleston parece ser suficiente para guiar os espectadores enquanto o filme cria a atmosfera de curiosidade e tensão, nem mesmo ele consegue segurar a produção depois que as coisas desandam. O personagem de Luke Evans, que é fundamental ao longo da história, tem uma natureza dúbia demais para o tempo de tela dedicado a ele, enquanto Elisabeth Moss parece construir algo muito mais consistente (por mais que também seja mais simples), com ainda menos tempo.
O objetivo geral, de qualquer forma, está bem claro. High-Rise cria um microcosmo de uma sociedade capitalista. Ele talvez seja óbvio demais em alguns pontos, mas o efeito estilístico consegue deixar tudo com um aspecto bastante interessante – e a forma como as coisas dão errado não deixa de ser divertida. É uma produção que gera muitos pontos para conversar e discutir, ainda que haja uma estranha simplicidade na aplicação de certos conceitos.
A história se passa nos anos 1970, época de lançamento do livro, e abusa um pouco da caracterização de época para os figurinos, para a arquitetura do prédio onde toda a trama acontece e até para a trilha sonora. Ainda assim, há um certo ar de atemporalidade à situação, já que o conceito não deixa de ser um pouco abstrato.
Em resumo, High-Rise acompanha a chegada do médico Robert Laing (Tom Hiddleston) a um prédio moderno, que faz parte de um grande projeto do arquiteto Royal (Jeremy Irons), ele mesmo um dos moradores. O local funciona como um condomínio autossuficiente, com direito a piscina, academia, spa e até um mercado dentro do próprio edifício. Porém, há muitas regras não escritas, além de uma estrutura social bem estabelecida – quanto mais alto o andar, maior o status do morador.
Enquanto Royal vive na cobertura, no 40º andar, o apartamento de Laing está no 25º e a família endividada e repleta de crianças de Wilder (Luke Evans) e Helen (Elisabeth Moss) está em um dos andares mais baixos. O contraste entre o estilo de vida de cada um deles é gigantesco. Enquanto Royal tem um enorme jardim, com direito a um cavalo branco, Wilder convive com cortes de luz e outras carências.
Ao longo do filme, o protagonista vai entrando em contato com outros moradores do prédio e tenta entender como funcionam as coisas no local. Sua vizinha do andar de cima, Charlotte (Sienna Miller), é uma das melhores fontes de informação e, assim como ele, ela também consegue manter uma boa comunicação tanto com os andares superiores quanto com os inferiores.
Em pouco tempo, porém, essa sociedade exageradamente cheia de contrastes entra em colapso. E, veja bem, basta uma fagulha para que as tensões se transformem em algo muito maior e ainda mais absurdo que as situações vistas até então. Embora isso seja interessante (e esperado), a mudança de tom em High-Rise não tem exatamente o efeito desejado e algumas peças parecem não se encaixar bem. Para completar, o protagonista está em crise por conta de suas próprias ações e não tem suas lealdades bem estabelecidas.
Assim, enquanto o charme de Tom Hiddleston parece ser suficiente para guiar os espectadores enquanto o filme cria a atmosfera de curiosidade e tensão, nem mesmo ele consegue segurar a produção depois que as coisas desandam. O personagem de Luke Evans, que é fundamental ao longo da história, tem uma natureza dúbia demais para o tempo de tela dedicado a ele, enquanto Elisabeth Moss parece construir algo muito mais consistente (por mais que também seja mais simples), com ainda menos tempo.
O objetivo geral, de qualquer forma, está bem claro. High-Rise cria um microcosmo de uma sociedade capitalista. Ele talvez seja óbvio demais em alguns pontos, mas o efeito estilístico consegue deixar tudo com um aspecto bastante interessante – e a forma como as coisas dão errado não deixa de ser divertida. É uma produção que gera muitos pontos para conversar e discutir, ainda que haja uma estranha simplicidade na aplicação de certos conceitos.
0 recados