Divagações: Chloe
21.12.22
Por mais que eu ache Amanda Seyfried muito bonita, a escolha da atriz para o papel de uma profissional do sexo sedutora em Chloe sempre me pareceu um pouco deslocada. Ao mesmo tempo, a ideia de ter alguém que parece não se encaixar no papel, mas que inesperadamente funciona, é bem interessante – na pior das hipóteses, eu contava com Julianne Moore para segurar as pontas. Em resumo, eu paguei para ver.
Com direção de Atom Egoyan, esta é a refilmagem de uma produção francesa de 2003, embora (na teoria) pareça ter saído daquele período dos anos 1980 e 1990 em que os filmes se permitiam abusar da sensualidade e até mesmo brincar com ela. Mas, por mais que efetivamente tenha um enredo que gire ao redor de seduções, dinheiro, poder e intrigas, o filme não chega a ser apelativo e, desde o princípio, deixa claro que a personagem título vai agir mais com palavras do que com o corpo (mas não se preocupe, há cenas “quentes” e um bocado de nudez).
Em resumo, Chloe conta a história de uma esposa desconfiada, Catherine Stewart (Julianne Moore), que resolve contratar uma prostituta, Chloe (Amanda Seyfried), para seduzir seu marido, David (Liam Neeson). A ideia é simples e o filme tem consciência disso, usando personagens interessantes para “rechear” a produção e manter o interesse do público.
Além disso, logo fica claro que é a dinâmica entre as duas mulheres o que realmente interessa, com o desenvolvimento de um estranho relacionamento entre elas. Aliás, mais do que a relação entre as personagens, o filme se constrói ao redor do perfil de cada uma, da maneira como elas se comportam quando estão juntas e de como tratam os demais.
No caso de Catherine, a figura da mulher rica, segura e bem-sucedida vai craquelando rapidamente com a exposição de seu relacionado quebrado com o filho (Max Thieriot) ou mesmo a maneira ríspida com que trata uma paciente fragilizada em seu consultório de ginecologia. Em pouco tempo, suas inseguranças ficam absolutamente expostas e fica mais evidente como os problemas de seu casamento não são derivados apenas de um marido que gosta de flertar abertamente com qualquer uma.
Já Chloe sabe exatamente o que quer, mas vai expondo suas verdadeiras intenções aos poucos e, à medida que mais elementos são revelados, as peças vão se encaixando. Como uma dica para futuros espectadores, eu diria que o monólogo inicial da personagem, momento em que ela se apresenta, é particularmente revelador.
Esses estudos das personagens e de suas camadas torna Chloe realmente interessante – até que o filme percebe que precisa contar uma história e, eventualmente, conectar todas as pontas. Ou seja, esse é um daqueles longas-metragens em que o começo é intrigante, o meio é muito bom e o final desanda (normalmente, eu não deixaria isso tão explícito, mas acho que vale a pena para evitar decepções).
Mas Chloe vale a pena no final das contas? Eu tendo a acreditar que sim, afinal, o roteiro proporciona um material de trabalho muito bom para excelentes atores. Você só precisará se conformar que é bom apenas enquanto é bom.
Com direção de Atom Egoyan, esta é a refilmagem de uma produção francesa de 2003, embora (na teoria) pareça ter saído daquele período dos anos 1980 e 1990 em que os filmes se permitiam abusar da sensualidade e até mesmo brincar com ela. Mas, por mais que efetivamente tenha um enredo que gire ao redor de seduções, dinheiro, poder e intrigas, o filme não chega a ser apelativo e, desde o princípio, deixa claro que a personagem título vai agir mais com palavras do que com o corpo (mas não se preocupe, há cenas “quentes” e um bocado de nudez).
Em resumo, Chloe conta a história de uma esposa desconfiada, Catherine Stewart (Julianne Moore), que resolve contratar uma prostituta, Chloe (Amanda Seyfried), para seduzir seu marido, David (Liam Neeson). A ideia é simples e o filme tem consciência disso, usando personagens interessantes para “rechear” a produção e manter o interesse do público.
Além disso, logo fica claro que é a dinâmica entre as duas mulheres o que realmente interessa, com o desenvolvimento de um estranho relacionamento entre elas. Aliás, mais do que a relação entre as personagens, o filme se constrói ao redor do perfil de cada uma, da maneira como elas se comportam quando estão juntas e de como tratam os demais.
No caso de Catherine, a figura da mulher rica, segura e bem-sucedida vai craquelando rapidamente com a exposição de seu relacionado quebrado com o filho (Max Thieriot) ou mesmo a maneira ríspida com que trata uma paciente fragilizada em seu consultório de ginecologia. Em pouco tempo, suas inseguranças ficam absolutamente expostas e fica mais evidente como os problemas de seu casamento não são derivados apenas de um marido que gosta de flertar abertamente com qualquer uma.
Já Chloe sabe exatamente o que quer, mas vai expondo suas verdadeiras intenções aos poucos e, à medida que mais elementos são revelados, as peças vão se encaixando. Como uma dica para futuros espectadores, eu diria que o monólogo inicial da personagem, momento em que ela se apresenta, é particularmente revelador.
Esses estudos das personagens e de suas camadas torna Chloe realmente interessante – até que o filme percebe que precisa contar uma história e, eventualmente, conectar todas as pontas. Ou seja, esse é um daqueles longas-metragens em que o começo é intrigante, o meio é muito bom e o final desanda (normalmente, eu não deixaria isso tão explícito, mas acho que vale a pena para evitar decepções).
Mas Chloe vale a pena no final das contas? Eu tendo a acreditar que sim, afinal, o roteiro proporciona um material de trabalho muito bom para excelentes atores. Você só precisará se conformar que é bom apenas enquanto é bom.
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