Divagações: Fruits Basket: Prelude
26.10.22Embora eu majoritariamente use esse cantinho da internet para falar obviedades sobre as coisas que assisto, confesso que questionei se Fruit...
26.10.22
Embora eu majoritariamente use esse cantinho da internet para falar obviedades sobre as coisas que assisto, confesso que questionei se Fruits Basket: Prelude “merecia” estar aqui. Entre os meus principais critérios para selecionar o que vou comentar no Cinema de Novo está o fato de que só trato de filmes (nada de séries, portanto). E, bom... Além do fato de que se trata de um prelúdio (como o próprio título já indica) para uma história contada ao longo de três temporadas, a produção também aproveita muitas cenas de Fruits Basket, inclusive a ponto de tirar um pouco do meu ânimo em relação a este longa-metragem (que, do contrário, seria um curta). De qualquer modo, meu carinho pela obra original foi mais forte e cá estamos.
Com direção de Yoshihide Ibata (também responsável por alguns episódios da série), Fruits Basket: Prelude conta a história dos pais de Tohru Honda (Manaka Iwami), explorando os momentos iniciais do romance de Katsuya (Yoshimasa Hosoya) e Kyoko (Miyuki Sawashiro), assim como a adolescência turbulenta de Kyoko e o contraste deste período com seus primeiros anos como mãe e, posteriormente, como viúva. Em paralelo, há também momentos que mostram a interação da jovem mulher com um pequeno Kyo Soma (Yuma Uchida), que viria a se tornar o par romântico de Tohru.
Em resumo, não há muita história sendo contada, mas o apanhado de situações ajuda a construir um panorama interessante, tentando montar o “quebra-cabeça” desta personagem que, a princípio, parece tão inconsistente. Veja bem: o legado de Kyoko a transforma em uma espécie de ídolo de jovens meninas “delinquentes”, em mentora de crianças desconhecidas, em uma mãe carinhosa e, também, em uma espécie de assombração moral. Ela, obviamente, não é perfeita – mas é uma personagem curiosa e com nuances suficientes para sustentar este filme.
O tom da narrativa também segue a obra original, com um drama acentuado e cheio de grandes dilemas, destacando relações familiares problemáticas e a capacidade das pessoas em lidar com isso. Também há alguns pontos delicados (como a óbvia diferença de idade do casal e a origem estranha do relacionamento), mas essas são questões que derivam dos quadrinhos originais e que refletem a época em que eles foram feitos, no final dos anos 1990 (sim, estou dando um desconto bem grande na problematização).
De qualquer modo, como Fruits Basket: Prelude parte do princípio de que os personagens e a história principal são conhecidos, a produção parte diretamente para os pontos mais chamativos da história. Assim, o filme aproveita para intercalar cenas inéditas com a retomada de sequências já conhecidas, abordando “buracos” da história. O recurso não é exatamente muito legal, mas dá para ignorar em boa parte do tempo.
Este recorte, apesar de tudo, é bem focado e não abre muito espaço para explorar a profusão de personagens que recheiam a série. Sob muitos aspectos, isso é positivo, uma vez que o tempo é reduzido e a ideia era justamente se aprofundar nas personalidades que participaram da formação da protagonista do anime.
Dito assim, acho que fiz Fruits Basket: Prelude parecer até mais instigante do que ele realmente é. O filme é bonito e bem animado, mas seu apelo é realmente restrito aos fãs da série; e, mais especificamente, àqueles que já ficaram com saudades dos personagens e estavam se sentindo prontos para mais um mergulho (ainda que breve) nesse mundo. Não tenho muito orgulho em dizer, mas esse era o meu caso – e o de muitas outras pessoas, já que a animação teve um bom desempenho nas bilheterias japonesas e também foi levada às salas de cinema nos Estados Unidos.
Com direção de Yoshihide Ibata (também responsável por alguns episódios da série), Fruits Basket: Prelude conta a história dos pais de Tohru Honda (Manaka Iwami), explorando os momentos iniciais do romance de Katsuya (Yoshimasa Hosoya) e Kyoko (Miyuki Sawashiro), assim como a adolescência turbulenta de Kyoko e o contraste deste período com seus primeiros anos como mãe e, posteriormente, como viúva. Em paralelo, há também momentos que mostram a interação da jovem mulher com um pequeno Kyo Soma (Yuma Uchida), que viria a se tornar o par romântico de Tohru.
Em resumo, não há muita história sendo contada, mas o apanhado de situações ajuda a construir um panorama interessante, tentando montar o “quebra-cabeça” desta personagem que, a princípio, parece tão inconsistente. Veja bem: o legado de Kyoko a transforma em uma espécie de ídolo de jovens meninas “delinquentes”, em mentora de crianças desconhecidas, em uma mãe carinhosa e, também, em uma espécie de assombração moral. Ela, obviamente, não é perfeita – mas é uma personagem curiosa e com nuances suficientes para sustentar este filme.
O tom da narrativa também segue a obra original, com um drama acentuado e cheio de grandes dilemas, destacando relações familiares problemáticas e a capacidade das pessoas em lidar com isso. Também há alguns pontos delicados (como a óbvia diferença de idade do casal e a origem estranha do relacionamento), mas essas são questões que derivam dos quadrinhos originais e que refletem a época em que eles foram feitos, no final dos anos 1990 (sim, estou dando um desconto bem grande na problematização).
De qualquer modo, como Fruits Basket: Prelude parte do princípio de que os personagens e a história principal são conhecidos, a produção parte diretamente para os pontos mais chamativos da história. Assim, o filme aproveita para intercalar cenas inéditas com a retomada de sequências já conhecidas, abordando “buracos” da história. O recurso não é exatamente muito legal, mas dá para ignorar em boa parte do tempo.
Este recorte, apesar de tudo, é bem focado e não abre muito espaço para explorar a profusão de personagens que recheiam a série. Sob muitos aspectos, isso é positivo, uma vez que o tempo é reduzido e a ideia era justamente se aprofundar nas personalidades que participaram da formação da protagonista do anime.
Dito assim, acho que fiz Fruits Basket: Prelude parecer até mais instigante do que ele realmente é. O filme é bonito e bem animado, mas seu apelo é realmente restrito aos fãs da série; e, mais especificamente, àqueles que já ficaram com saudades dos personagens e estavam se sentindo prontos para mais um mergulho (ainda que breve) nesse mundo. Não tenho muito orgulho em dizer, mas esse era o meu caso – e o de muitas outras pessoas, já que a animação teve um bom desempenho nas bilheterias japonesas e também foi levada às salas de cinema nos Estados Unidos.