Divagações: RRR
14.12.22
Por mais que eu tenha uma (pequena) fila de resenhas a publicar, não poderia deixar que esse texto sobre RRR fosse parar no próximo ano. Afinal, passei boa parte de 2022 indicando este filme para as mais diversas pessoas (peço perdão se exagerei!).
E, apesar da minha ampla recomendação, sei que esta produção indiana com pouco mais de três horas de duração exige um investimento de tempo e uma disposição bastante específica. Além de ter uma ação detalhadamente calculada, músicas com coreografias escalafobéticas e vários exageros visuais, o longa-metragem traz uma trama fictícia que se mistura a eventos históricos e faz referência a diversas pessoas que realmente existiram. É quase como um grande conto de fadas ufanista, que merece ser apreciado em sua exorbitância, mas que não pode ser levado muito à sério.
RRR se passa nos anos 1920, quando a Índia vivia sob o domínio britânico. Neste contexto, uma garotinha (Twinkle Sharma) é sequestrada de sua família para ir entreter pessoas ricas na cidade, levando sua comunidade a pedir ajuda a seu defensor, Komaram Bheem (N.T. Rama Rao Jr.). Ciente da vinda de Bheem, o exército britânico escala o temido Alluri Sitarama Raju (Ram Charan Teja) para encontrá-lo. Entretanto, esse policial ambicioso e que coloca o dever acima de tudo acaba caindo em um dilema ao fazer amizade com um mecânico que, na verdade, é o próprio guerreiro infiltrado.
Embora a trama principal seja simples, o filme inclui diversas tangentes – incluindo um aparente romance entre Bheem e a simpática britânica Jennifer (Olivia Morris) – e muitas cenas de ação cujos desfechos são determinantes para o andar da história. Assim, em meio a segredos revelados e uma crescente de exageros (ajudada por ótimos efeitos visuais e por uma boa dose de pirotecnia), os dois protagonistas se transformam em figuras lendárias.
Aliás, encarar RRR como a história de origem de duas pessoas quase mitológicas torna o tom da produção especial (ou, pelo menos, justificável). Ambos os protagonistas lutaram pela liberdade da Índia, mas nunca se encontraram, de modo que toda a premissa é fictícia. Ainda assim, esse confronto rocambolesco entre eles funciona muito bem; fora que a necessidade de um esforço sobre-humano para vencer os ingleses parece ser uma adaptação perfeitamente válida. Para os brasileiros, em particular, é interessante ver um filme que parte de uma ótica anticolonialista e que, efetivamente, foi feito pelos oprimidos.
Outro aspecto único da produção está em seu título. Em diferentes traduções, foi feito um esforço para que a sigla RRR fosse mantida: ela significa “raiva, guerra e sangue” em alguns idiomas indianos e “ascensão, rugido, revolta” em hindu e em inglês. Mas há também a teoria de que o nome reflete a parceria entre os dois atores principais – N.T. Rama Rao Jr. e Ram Charan Teja – e o diretor S.S. Rajamouli.
De qualquer modo, ao unir sua mensagem com um baita entretenimento, RRR traz à tona algo que raramente ganha notoriedade por aqui. É possível divertir com músicas, com cenas de ação, com momentos de humor, com “bromance”, com explosões, com efeitos especiais bem pensados e com excessos, mas é realmente um feito proporcionar tudo isso ao mesmo tempo em que apresenta figuras históricas, mostra o lado vilanesco dos ingleses e transforma homens idealistas em ícones.
E, apesar da minha ampla recomendação, sei que esta produção indiana com pouco mais de três horas de duração exige um investimento de tempo e uma disposição bastante específica. Além de ter uma ação detalhadamente calculada, músicas com coreografias escalafobéticas e vários exageros visuais, o longa-metragem traz uma trama fictícia que se mistura a eventos históricos e faz referência a diversas pessoas que realmente existiram. É quase como um grande conto de fadas ufanista, que merece ser apreciado em sua exorbitância, mas que não pode ser levado muito à sério.
RRR se passa nos anos 1920, quando a Índia vivia sob o domínio britânico. Neste contexto, uma garotinha (Twinkle Sharma) é sequestrada de sua família para ir entreter pessoas ricas na cidade, levando sua comunidade a pedir ajuda a seu defensor, Komaram Bheem (N.T. Rama Rao Jr.). Ciente da vinda de Bheem, o exército britânico escala o temido Alluri Sitarama Raju (Ram Charan Teja) para encontrá-lo. Entretanto, esse policial ambicioso e que coloca o dever acima de tudo acaba caindo em um dilema ao fazer amizade com um mecânico que, na verdade, é o próprio guerreiro infiltrado.
Embora a trama principal seja simples, o filme inclui diversas tangentes – incluindo um aparente romance entre Bheem e a simpática britânica Jennifer (Olivia Morris) – e muitas cenas de ação cujos desfechos são determinantes para o andar da história. Assim, em meio a segredos revelados e uma crescente de exageros (ajudada por ótimos efeitos visuais e por uma boa dose de pirotecnia), os dois protagonistas se transformam em figuras lendárias.
Aliás, encarar RRR como a história de origem de duas pessoas quase mitológicas torna o tom da produção especial (ou, pelo menos, justificável). Ambos os protagonistas lutaram pela liberdade da Índia, mas nunca se encontraram, de modo que toda a premissa é fictícia. Ainda assim, esse confronto rocambolesco entre eles funciona muito bem; fora que a necessidade de um esforço sobre-humano para vencer os ingleses parece ser uma adaptação perfeitamente válida. Para os brasileiros, em particular, é interessante ver um filme que parte de uma ótica anticolonialista e que, efetivamente, foi feito pelos oprimidos.
Outro aspecto único da produção está em seu título. Em diferentes traduções, foi feito um esforço para que a sigla RRR fosse mantida: ela significa “raiva, guerra e sangue” em alguns idiomas indianos e “ascensão, rugido, revolta” em hindu e em inglês. Mas há também a teoria de que o nome reflete a parceria entre os dois atores principais – N.T. Rama Rao Jr. e Ram Charan Teja – e o diretor S.S. Rajamouli.
De qualquer modo, ao unir sua mensagem com um baita entretenimento, RRR traz à tona algo que raramente ganha notoriedade por aqui. É possível divertir com músicas, com cenas de ação, com momentos de humor, com “bromance”, com explosões, com efeitos especiais bem pensados e com excessos, mas é realmente um feito proporcionar tudo isso ao mesmo tempo em que apresenta figuras históricas, mostra o lado vilanesco dos ingleses e transforma homens idealistas em ícones.
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