Porque “Avatar” não foi lançado há dez anos? A primeira tentativa de resposta que me vem à mente não é a tecnologia, mas outro filme: “The Matrix”. Isso pode ser considerado uma heresia por muito, mas eu me justifico.

Os dois filmes têm pontos em comum. Por mais que Pandora seja tão real quanto a Terra (no filme), os humanos utilizam de avatares para interagir cm os locais. Eles são conectados através do sistema neural. Não é muito diferente da maneira como Neo e companhia eram levados à matrix, onde interagiam com as consciências presas às máquinas.

A história de “Avatar” e a de “The Matrix” são diferentes, mas ambos os filmes inspiram os mesmos sentimentos de curiosidade e até de devoção, com ligeira vantagem para o segundo mesmo que não estejam competindo por público.

As duas histórias são originais, o que é algo ótimo nesses tempos cheios de continuações e remakes. Mas “The Matrix” utilizava uma estética facilmente imitável e era interligado com um número surpreendente de livros e idéias. “Avatar” tem uma história mais simples, seu grande mérito é a tecnologia, o visual único e o conceito de Pandora.

Pandora, a lua onde se passa a história, possui um incrível ecossistema totalmente interligado, como um grande cérebro. É uma forma bastante interessante de se pensar sobre o meio ambiente e sobre a relação que as pessoas têm com ele. Obviamente, isso gerou críticas por parte daqueles que estão cansados de “eco-chatos”, mas é preciso ver o filme com pureza, como uma história bonita e singela. “Avatar” é para todas as idades, sem medo.

Justamente por essa razão, “Avatar” decepciona quem esperava por um filme complexo. Os personagens são planos, a história é fácil e previsível. Mas muitos grandes filmes também são assim. Que tal esquecer de tudo e mergulhar no filme?

E nada como uma sala IMAX para proporcionar essa sensação.