Divagações: Alice in Wonderland
3.5.10Existiam poucas coisas tão perfeitas uma para a outra no mundo que Tim Burton dirigindo uma adaptação de Alice in Wonderland parecia mentira. E é. O diretor filmou uma espécie de continuação que fica devendo em muito à história original. Infelizmente, a Alice de Burton é a Alice errada vivendo uma história de fantasia legal, mas simples. Nada comparado às coisas que a menininha de Lewis Carroll aprontava.
Uma das principais características do livro, na minha opinião, é a sucessão de personagens bizarros. Todos eles chegam, passam a sua mensagem rapidamente e vão embora, deixando para Alice a decisão sobre qual será o próximo passo. No filme, os personagens são os mesmos desde o princípio e ganham relativo tempo de tela para desenvolverem personalidades que perdem em estranheza justamente porque são explicadas demais.
Não que o filme seja um desastre completo. Ele é muito bonito e todo o elenco se esforça para fazer jus à história original. Mia Wasikowska é uma Alice meio apagadinha no meio de tanta cor, mas isso não é culpa dela. Anne Hathaway finalmente deixa de ser princesa e vira a Rainha Branca, o que talvez lhe tenha dado dores nos braços. Helena Bonham Carter é a mais interessante em cena, como a Rainha Vermelha (todas as melhores frases são dela). E Johnny Depp faz seu trabalho muito bem como sempre, mas de repente você percebe como o rosto dele faz falta (os olhos foram aumentados digitalmente).
Outra questão que afasta o público é o Jabberwock e a espada Vorpal. Essas palavras, assim, soltas, fazem algum sentido para você? Pois é, elas estão no poema nonsense que Lewis Carroll escreveu para Through the Looking-Glass and What Alice Found There. No livro – onde tudo é estranho – o poema nem parece fora de lugar, mas para quem nunca ouvir falar dessas criaturas, complica.
De qualquer maneira, as crianças vão se divertir bastante com essa Alice e os adultos (que ainda não acham o 3D algo super normal) também vão curtir o espetáculo visual. Quem puder conferir no IMAX, aproveite. Esse filme foi feito com essa tecnologia, foi feito para ser visto desse jeito. Mesmo com a história fraquinha, não tem como se arrepender depois que você sente que está caindo no buraco do coelho. Só é uma pena que o atendimento no Dom Bosco IMAX Theater seja tão ruim, o filme atrase etc. Concorrência faz uma falta (isso inclui você, Tim)...
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