Divagações: The Lovely Bones

Peter Jackson é um cara surpreendente. Primeiro, ele faz vários filmes assustadores, como Heavenly Creatures e Braindead . Depois, ele rev...

Peter Jackson é um cara surpreendente. Primeiro, ele faz vários filmes assustadores, como Heavenly Creatures e Braindead. Depois, ele revela seu lado totalmente nerd e parte para grandes projetos que muita gente já quis, mas ninguém conseguiu (The Lord of the Rings e o remake King Kong). Então, um belo dia, ele anuncia que irá dirigir The Lovely Bones, um filme poético sobre uma menina assassinada violentamente (?) que vai parar em um paraíso próprio. E ele está terrivelmente magro! Desculpa ter que acrescentar isso, mas foi um choque para mim quando descobri.

Como já mencionei, The Lovely Bones é sobre uma menina, mais precisamente Susie Salmon (Saoirse Ronan, fofa). Ela está entrando na adolescência, então, ao mesmo tempo em que é legal, sonhadora e apaixonada, consegue ser um pouco chatinha e teimosa. Normal, acontece com todo mundo. Susie, na verdade, é tão normal que é de se pensar porque seu vizinho George Harvey (Stanley Tucci, assustador) chegou a se dar ao trabalho de montar um estratagema tão complexo para matá-la. Ela cai como a menininha boba que é – e como muitas meninas já caíram e ainda vão cair.

Então, com uma protagonista morta e em um paraíso incrível (mas não tanto quanto o de What Dreams May Come), o filme muda seu foco. A família, em especial o pai (Mark Wahlberg), passa a procurar desesperadamente pelo corpo de Susie e por seu assassino. Cada um reage a sua maneira e a avó maluquinha (Susan Sarandon, um pouco deslocada) tenta tomar o controle da situação. São como dois filmes que se juntam. Um é o da menina que é morta e precisa descobrir o que exatamente aconteceu com ela para se libertar. O outro é o filme da família e dos amigos que estão lidando com uma perda dolorosa, no dilema entre seguir em frente ou se aprofundar na solução do crime.

Ambas as histórias são bem contadas e encantam com suas atuações e seu visual, mas talvez seja muita coisa para um filme só. Uma meia hora a menos e um pouco mais de definição poderiam deixar o filme bem mais interessante, principalmente se a preocupação maior estiver na família e no assassino (não é por nada, mas a Susie já morreu, sabem como é). Mas, obviamente, esse não é um problema muito grande para quem não tem nada extremamente urgente a curto prazo e pode relaxar para ver um filme bonito (eu não tinha, mas sou chata e não curto enrolações que não sejam as minhas).

Ainda assim, The Lovely Bones, apesar de em alguns momentos não parecer, é um filme de Peter Jackson e, como tal, é longo e gostoso de assistir. Você realmente se envolve com aqueles personagens e pensa como deve ser viver uma situação como essa. Mesmo que a poesia (ou o ritmo da ação, depende do enfoque) tenha falhado, existem certas coisas que marcam, como a volta ao mundo real (aquele fora do filme) que acontece nas últimas cenas do personagem de Tucci. É como um recadinho: “Calma, isso é só um filme e cedo ou tarde, bem ou mal vai acabar”.

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