Divagações: An Education

Na Inglaterra dos anos 1960, uma mulher tinha dois caminhos na vida: casar ou fazer faculdade e tentar ser alguém. Em An Education , Jenny ...

Na Inglaterra dos anos 1960, uma mulher tinha dois caminhos na vida: casar ou fazer faculdade e tentar ser alguém. Em An Education, Jenny (Carey Mulligan) vai tentar a segunda opção com classe: ela quer ir para Oxford.

Quer mesmo? Ela é uma jovem bonita e cheia de energia que detesta o país onde mora e adoraria ser francesa. Não há nada que a atraia mais do que sair de baixo das asas dos pais – em especial do pai autoritário (Alfred Molina) – e ir conhecer o mundo. Assim, quando Jenny conhece um rapaz mais velho e interessante, não é à toa que ela fica um tanto quanto deslumbrada. David (Peter Sarsgaard) é bonito, simpático, gentil, rico, refinado, carinhoso e muito bom em convencer os pais de Jenny a deixá-la viajar com ele! Ou seja, tudo o que Jenny sempre sonhou.

A vida só não é perfeita porque a melhor aluna da turma começa a frequentar a sala da direção mais do que deveria... E não apenas por travessuras adolescentes, como fumar no pátio com as amigas, mas para ouvir sermões muito chatos sobre seu relacionamento com David. Tanto a antipática diretora (Emma Thompson) quanto sua professora favorita (Olivia Williams) não aprovam nem um pouco o sonho que Jenny está vivendo e argumentam que namorar com David é o mesmo que destruir a chance de ir para Oxford. Mas tudo bem, afinal elas não passam de velhas solteironas, certo?

Para uma jovem com a mentalidade atual, An Education chega a surpreender pelo extremismo que cada decisão representa. O mundo não era fácil para as mulheres em 1960, mesmo para alguém inteligente e capaz. Talvez o problema maior de Jenny seja ser muito jovem, mas, ao mesmo tempo, esse é seu maior charme. O romance que ela vive é maravilhoso, o sonho de qualquer uma, então é difícil condenar suas ações – até o momento em que ela mesma se condena. Mas não se assuste: as mocinhas sonhadoras que forem capazes de se identificar com ela irão, sem dúvida, adorar o filme. As outras pessoas (meninos, inclusive) também podem gostar do filme, basta se deixar levar.

A história é muito simples e não traz nada que não seja muito previsível. Apesar disso, a atuação de Carey Mulligan faz com que tudo seja absolutamente encantador. Todo mundo já disse isso, mas eu preciso repetir: ela é a melhor coisa do filme.

Com essa atriz jovem e ótima e o roteiro leve de Nick Hornby, An Education não tem o peso de um “filme para se ver na escola”. A ação apenas se passa em 1960, não existe o objetivo de retratar a época, nem os métodos educacionais mais usuais do período, nem contar alguma história de sofrimento envolvendo professores (confesso que esse era meu medo pessoal quando li o título pela primeira vez). É apenas um cenário nostálgico para uma história que – convenhamos – ainda pode acontecer nos dias de hoje. Assim, é um filme para se ver só, na companhia da família (meninas e papais, essa é uma boa dica) ou com alguém especial. Sensível e agridoce, como Carey Mulligan.

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