Divagações: Inception

Inception é, sem dúvida, um filme que rende muitas divagações. Não por ser um filme incrivelmente inteligente, porque isso ele não é (a tát...

Inception é, sem dúvida, um filme que rende muitas divagações. Não por ser um filme incrivelmente inteligente, porque isso ele não é (a tática para parecer é explicar o funcionamento das coisas bem rapidamente, tentando deixar o público confuso). Mas Inception é, sim, um filme muito bem planejado e estruturado, entrando na incrível categoria de filme-cebola (ou filme-ogro, em uma referência-cebola). A propósito, acabei de descobrir a piadinha sobre o filme que faz você chorar e já adianto que a ideia é parecida, mas eu não sabia disso durante as minhas conversas pós-filme. De qualquer forma, o conceito não é difícil de entender, principalmente se você captou a referência.

Enfim, o filme é ótimo. Leonardo Di Caprio continua no papel do viúvo atormentado pela mulher morta (como em Shutter Island), mas dessa vez a esposa em questão (Marion Cotillard) é mais legal, afinal, ela pode provocar dor nos outros. Enfim, um dos grandes trunfos do filme é ter um elenco esperto. Joseph Gordon-Levitt, Ellen Page, Tom Hardy, Ken Watanabe, Dileep Rao e Cillian Murphy entregam trabalhos ágeis, competentes e, o melhor, convincentes. Tudo isso ajudado, claro, pela direção firme de Christopher Nolan, que está se tornando um nome forte no cinema para gente grande – afinal, ninguém mais aguenta filmes pensados para mentes de 12 anos (não que os mais espertinhos não vão adorar, de qualquer modo).

Bom, a história que foi mantida em segredo por tanto tempo (com razão, nerds demais tendo devaneios sobre o que vai acontecer podem estragar surpresas) segue Cobb (Leonardo Di Caprio), um dos melhores “invasores de sonhos” que existem. Ele é contratado para extrair informações do subconsciente das pessoas, basicamente – uma atividade não muito legal, em todos os sentidos. Eis que surge uma missão diferente: inserir uma ideia na mente de alguém. Então, ele monta um time dos sonhos com a galera descrita acima (menos Cillian Murphy, que é a vítima) e eles seguem para a complexa aventura do sonho dentro do sonho dentro do sonho etc. (quem ainda não entendeu a questão da cebola, por favor, não vá ver o filme). Caso você já tenha assistido e esteja com alguma dúvida sobre a trajetória dos personagens, recomendo esse infográfico aqui.

Explicar muito mais do que isso estragaria a surpresa. Inception é uma boa ideia que foi bem explorada em um filme. Realmente espero que não haja continuações, pois o filme é uma obra fechada que funciona bem sozinha. Ampliar esse universo pode parecer algo muito atraente, pois ele tem espaço para muitas viagens na maionese. A questão é contar outra história que não seja apenas mais do mesmo. E é por isso que eu disse acima que o filme não é exatamente a coisa mais inteligente que eu já vi em uma sala de cinema. Ele é muito bom, funciona perfeitamente para aquela história, mas não tem uma complexidade real nos personagens ou na trama. É apenas um plano bem feito, como em Ocean’s Eleven (alguém vai tentar me bater por isso).

O interessante é que o filme consegue unir um argumento inteligente, um roteiro ágil, cenas de ação bem realizadas, um bom elenco e um visual incrível, em algo que tem propriedade e é atraente para o público em geral. A questão da arte é discutível, mas não se pode negar que é entretenimento da melhor qualidade. Fazia tempo que eu não saía do cinema com a sensação de estranhamento do “mundo lá fora”. Inception me fez perceber que não estou tão calejada de cinema assim, só precisava de novidades.

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2 recados

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Bem, nerd como sou, quando vi o trailer deste filme pela primeira vez, falei "Devo assistir este filme". Eu já sabia que ele seria uma maravilha. E com isso, saí do cinema com o sorriso de orelha a orelha.

    Inclusive os acompanhantes que levei (e que não gostam muito de ficção científica), ficaram com uma impressão maravilhosa do filme.

    Concordo em absoluto com você quando fala que ele não deveria ter continuação. A obra foi impecável demais para que uma sequência seja feita...

    Deu até vontade de assistir denovo...

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