Divagações: Harry Potter and the Philosopher’s Stone
4.11.10Falta pouco para Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1! Por isso, o Cinema de Novo resolveu fazer um especial com as resenhas dos seis filmes anteriores! Para começar, claro, Harry Potter and the Philosopher’s Stone. Já aviso que, embora muita gente diga que o título original do filme seja Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, eu adotarei a versão “internacional”, que é também o título original do livro. Nada contra a versão americanizada, é apenas um carinho pessoal, digamos assim.
O filme é o primeiro da série e teve a direção de um “afilhado” de Steven Spielberg, Chris Columbus. A responsabilidade era enorme. Além de querer agradar aos milhares de fãs do personagem espalhados pelo mundo era preciso mostrar aos estúdios que um investimento desse tamanho daria lucros ainda maiores – uma boa franquia sempre aumenta as possibilidades de rendimento nos filmes seguintes. Isso sem contar as questões práticas, como escolher um elenco que possa ficar disponível (ou dar preferência) para uma série tão grande. Um elenco que vá crescer com os personagens. Não que os envolvidos admitissem abertamente ter um sonho assim tão impossível...
Dessa forma, Harry Potter and the Philosopher’s Stone saiu do papel e foi para as telas com muito cuidado e respeito ao material original. Tanto que, para muitos, a sensação foi a de ver um livro filmado – o que não é exatamente positivo. Mesmo que muitos fãs radicais aprovem (e prefiram) esse tipo de versão, a questão fílmica acaba sendo prejudicada. Todo o universo que se anunciava no início da série literária tem suas portas abertas nesse primeiro filme, permitindo inúmeras possibilidades para as continuações. É impossível negar que, quando se produz tantos filmes sobre um mesmo personagem por um período tão longo, é preciso reinventar a maneira de contar essas histórias. Os próprios livros mudaram e os filmes também precisariam ter modificações para atrair cada vez mais e mais público.
No entanto, caso a experiência tivesse dado errado e Harry Potter and the Philosopher’s Stone resultasse em um fracasso, o bruxinho não teria muito do que se orgulhar. Além de um fiasco financeiro (essa parte é hipotética), teria sido entregue ao mundo uma obra com um protagonista fraco misturado a grandes nomes do cinema inglês. Daniel Radcliffe até tinha alguma experiência com atuação, mas deixava a desejar. Emma Watson e Rupert Grint, por sua vez, cumpriam bem seus caricatos papéis.
Para quem não sabe, o filme conta a história do menino Harry Potter (Radcliffe). Ele vive de favor na casa dos tios (Fiona Shaw e Richard Griffiths) até seu aniversário de 11 anos, quando descobre – para o total pavor de seus cruéis familiares – que é um bruxo. Então, ele vai para Hogwarts, uma escola de magia, onde descobre que é famoso por ter sobrevivido ao ataque de um poderoso bruxo das trevas quando ainda era um bebê. Embora não faça a menor ideia de como isso aconteceu, Harry Potter acaba se envolvendo em um mistério que envolve a pedra filosofal, capaz de trazer seu rival de volta ao poder. A propósito, isso foi um resumo bem resumido (antes que alguém ameace me bater).
Com tanta magia envolvida, outra questão que deve ser levantada são os efeitos especiais. Por melhores que sejam, muitos deles envelheceram rápido e não convenciam mais nem quando o filme foi lançado em DVD (alguns continuam bons até hoje). A batalha final – por mais fiel que seja – foi insatisfatória para aqueles que não leram o livro e mesmo para alguns que leram. Isso sem contar o sentimento constante de que tudo está sendo contado muito rápido, tentando espremer o máximo possível de livro em pouco mais de duas horas de filme. Ainda bem que as bilheterias renderam o suficiente para garantir os filmes seguintes.
Ainda assim, Harry Potter and the Philosopher’s Stone não é de todo ruim. O filme consegue levar a fantasia para a tela do cinema de uma maneira que não se via há muito tempo. Hagrid (Robbie Coltrane), Professor Dumbledore (Richard Harris), Minerva McGonagall (Maggie Smith) e Severus Snape (Alan Rickman) podem até ter pouco tempo de tela, mas ficam marcados na memória. O castelo se torna a escola dos sonhos e as refeições fazem parecer que todo dia é natal. Não há criança, adolescente ou adulto que não se encante. A história, por mais corrida que esteja, ainda consegue prender a atenção e dar aquela vontade de “quero mais”.
Poderia ser melhor? Sem dúvida. Mesmo assim, não se trata de gostar ou não dos livros, mas de ter sensibilidade para apreciar um mundo mágico. Se você nunca leu os livros e nem ao menos tem vontade, veja o filme. O pior que pode acontecer é você perder duas horas e meia do seu tempo, mas talvez mergulhar nesse sonho de criança valha a pena. Agora, se você tem a menor curiosidade que seja a respeito dos livros – leia. Eles ainda são o melhor caminho para esse universo.
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