Divagações: Some Like It Hot

Depois da overdose de Harry Potter que o blog teve nas últimas semanas, que tal partir para algo completamente diferente? Some Like It Hot ...

Depois da overdose de Harry Potter que o blog teve nas últimas semanas, que tal partir para algo completamente diferente? Some Like It Hot já constava na minha lista de filmes que quero ver e nos últimos tempos (principalmente depois da morte de Tony Curtis) minha vontade só aumentou. O filme é de 1959 e traz uma piada que pode parecer “batida” hoje em dia, mas ainda diverte.

Na história, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon) são dois músicos desesperados por trabalho em plena época da lei seca americana. Sem querer, eles são testemunhas de uma grande queima de arquivo da máfia ocorrida em pleno Dia dos Namorados e precisam fugir para não serem as próximas vítimas. A solução vem com uma oferta de trabalho em uma banda feminina e eles viajam para a Flórida disfarçados como Josephine e Daphne. Além de terem que manter as aparências enquanto rodeados de belas mulheres, eles ainda precisam evitar o mafioso Spats Colombo (George Raft) que, por uma trágica coincidência, está no mesmo hotel.

Apesar de se passar no universo de uma banda, o grande destaque do filme não são as músicas. É apenas a bela Sugar Kane Kowalczyk (Marilyn Monroe) que interessa. Com figurinos feitos especialmente para provocar (auxiliados por uma iluminação duvidosa), essa personagem coadjuvante acaba se tornando a estrela do filme. Isso não é de se estranhar, afinal, com Marilyn Monroe por perto, quem olharia para Josephine e Daphne? Bom, tem gosto para tudo...

Mudando um pouco de assunto, pouca gente sabe, mas o filme de Billy Wilder não foi o primeiro a contar essa história baseada em uma peça teatral. Quem saiu na frente foi o francês Fanfare d’amour (1935), seguido pelo alemão Fanfaren der Liebe (1951). Infelizmente não tive acesso a esses filmes para comparar, mas como eles são pouco conhecidos é provável que a qualidade seja inferior. Por causa deles, de qualquer forma, há um certo dilema: Some Like It Hot é um remake ou não? A minha opinião é que se todos forem baseados na mesma peça, acredito serem simplesmente diferentes adaptações, sem a existência de um “original”. Se os que se seguiram tiveram a influência do anterior, no entanto, trata-se de um remake. Verdade seja dita, Robert Thoeren e Michael Logan criaram uma trama muito divertida.

Voltando ao filme. Some Like It Hot, mesmo com esse título, abusa da (pretensa) ingenuidade dos personagens e do espectador. Mesmo que existam “intensões” nada vai muito além de rápidos beijos, danças e presentes – tudo muito romântico. Os dois protagonistas são malandros que não fazem mal a ninguém e apenas gostariam viver suas vidas com música, dinheiro e mulheres. É difícil não simpatizar com esse objetivo.

No geral, é um complicado jogo de mostrar e esconder, dando a entender sem explicitar, falando do assunto sem vulgarizar, procurando apenas divertir. O filme não seria lembrado até hoje se a partida não tivesse sido muito boa e bem disputada. Quem vence no final? Eu diria que é um belo empate aos 45 minutos do segundo tempo, mas você pode tirar suas próprias conclusões.

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