Divagações: Rio
7.4.11É difícil assistir em 3D a animação Rio e não começar com esta descrição: uma explosão visual. Dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, o filme é uma destas animações clássicas, com personagens fofos, repleto de aventura e alguma moral no final, mas seu maior diferencial é justamente se passar no Rio de Janeiro. E claro, seu time estelar de dubladores é um show à parte.
Vamos começar com a história: Blu (Jesse Eisenberg) é uma arara totalmente domesticada. Ele vive feliz em Minnesota ao lado de sua dona superprotetora, Linda (Leslie Mann), até que um belo dia surge um cientista brasileiro, Túlio (Rodrigo Santoro), que afirma que Blu é o único macho de sua espécie e que no Brasil encontra-se a última fêmea. Túlio, então, consegue convencer Linda a ir ao Brasil com Blu para conhecer a tal fêmea, Jewel (Anne Hathaway), que não vai muito com a cara de Blu. Os problemas começam quando Blu e Jewel são sequestrados por contrabandistas de aves. Fugir não é o problema para a arara brasileira, o que os atrapalha é o simples fato de que Blu não sabe voar.
Bom, o que se vê então durante o filme é a fuga de Blu e Jewel dos contrabandistas e de seu fiel escudeiro, Nigel (Jemaine Clement), uma cacatua australiana e o grande vilão do filme. O fato de Blu não saber voar é a deixa para o grande tema do filme, que é sobre ter coragem e aprender a lidar com mudanças.
Falei da história por cima, mas os personagens também são bastante carismáticos. Blu é uma arara nerd, que sempre foi mimado pela dona, então é cheio de manias e medos. Já Jewel, criada na floresta, é descolada e independente. Linda e Túlio são dois tímidos clássicos, solitários e estudiosos, que encontram companhia com os pássaros. Outros dois personagens divertidos são o tucano Rafael (George Lopez) e o buldogue Luiz (Tracy Morgan). O primeiro é um ex-rei do carnaval que se casa, tem 17 filhos e resolve virar um pai de família sério, já o buldogue é um desastrado mecânico que terá um papel libertador na história.
Pronto, agora você já sabe o suficiente. Como assisti na versão dublada, não posso falar muito sobre a interpretação dos atores. Nesta versão perde-se ainda em relação à trilha sonora do filme, que contém algumas composições dos cantores norte-americanos Will.i.Am e Jamie Foxx (sim, ele canta), que dublam as vozes de Pedro e Nico, amigos de Blu e Jewel durante a sua jornada. Na versão dublada, as músicas ganham versões em português, modificando as composições originais.
Mas não se desanime quanto a isto: a trilha sonora do longa-metragem, elaborada pelo pianista brasileiro Sergio Mendes é maravilhosa. Com a presença certa de Garota de Ipanema, de Mas que Nada e até de Lionel Ritchie, as músicas captam de forma bacana o chamado “espírito brasileiro”, com uma leveza que o imaginário popular sente quando se fala em relação ao Brasil. É um filme bem alegre e gostoso de assistir.
Em relação ao Brasil mostrado no filme, achei tudo bem colocado: claro, não tinha como fugir do samba e do carnaval, mas nada é colocado de forma muito exagerada. Como o país já foi algumas vezes representado nas telas do cinema, ao invés de ser, digamos, insultado – como no trágico Turistas –, em Rio fica clara a homenagem ao nosso país e à cidade maravilhosa.
Já falei da história, dos atores, da música, do clima do filme... E a tal “explosão visual” que era seu grande êxito? Sim, Rio é um dos poucos filmes que realmente utiliza de forma interessante o recurso do 3D. Talvez por ter cenários tão apropriados para explorar este formato, como florestas, favelas, voos magníficos, carnaval. Este realmente vale a pena, pois as imagens são magníficas.
Finalizo o texto com as seguintes indicações: vá assistir Rio, e pode ir de mau humor mesmo. Deve ser difícil ficar indiferente ao carisma dos personagens e aos lindos cenários da cidade do Rio de Janeiro. Aposto que vai dar uma relaxada no seu dia.
Texto: Raphael Ramirez
Edição: Renata Bossle
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