Qual é o maior apelo de The Tourist? Pouca coisa chama mais atenção no filme do que o fato de Angelina Jolie e Johnny Depp estarem no elenco – e fazerem par romântico. Na verdade, chego a acreditar que uma parcela do público que foi aos cinemas preferiria estar assistindo a uma comédia romântica. Mas já que esse era o único jeito de ver esses dois juntos! Afinal, esses dois atores não curtem muito os filmes melosos.

Em The Tourist, Angelina é Elise Clifton-Ward. Desde o início, fica bem claro que ela é vigiada por equipes policiais (muito incompetentes, por sinal). Seu único crime, no entanto, foi se apaixonar por um homem muito peculiar que acabou dando o golpe em um criminoso e sonegando os impostos, de modo que, além do governo, também há gente perigosa de olho nessa elegante mulher que – em um belo dia – resolve pegar um trem. Lá, ela encontra Frank Tupelo (Johnny Depp), um homem com mais ou menos a mesma altura e tipo físico de seu amado. Ela vai com ele até Veneza e, sempre jogando um charme, faz com que todos acreditem que ele é o homem que procuram.

A partir desse ponto, acontecem várias cenas de perseguição. Como a história se passa em Veneza e somente lá, não espere nada muito emocionante. Você vai ver gente correndo pelos telhados e barcos a todo vapor tentando provocar alguma adrenalina, mas nada que alguns tiros ou falas sarcásticas não resolvam. Dá até para chamar o filme de uma “ação de erros”, já que cada avanço se dá na falha do outro. As reviravoltas também não são das mais inteligentes e dá para tentar adivinhar o final do filme sem problemas. A propósito, peço desculpas para quem porventura ouviu o meu palpite, já que eu acertei e estraguei a surpresa dos outros sem querer. Além disso, os personagens não são muito complexos, mas isso até dá um ar de imprevisibilidade para o filme. Ou de patetice, como é o caso do agente John Acheson, interpretado por Paul Bettany.

Mas não vamos desmerecer o trabalho de Florian Henckel von Donnersmarck! Sim, esse é o nome dele. O diretor está apenas em seu segundo longa, sendo que o primeiro foi em 2006. Considerando que cenas de ação são realmente difíceis de filmar, vamos admitir que ele conseguiu dar uma animada nos barcos de Veneza (os com motor, gente, não as gôndolas).

Outro aspecto que deve ser observado é que se trata de um remake de Anthony Zimmer, filme escrito e dirigido por Jérôme Salle. A adaptação para o inglês foi feita pelo próprio Florian Henckel von Donnersmarck e por dois colegas, Christopher McQuarrie e Julian Fellowes. O filme original já não era exatamente muito bom, mas dava para o gasto. Além disso, era um veículo para Sophie Marceau aparecer um pouco. Só para efeito de curiosidade, os personagens se chamavam Chiara Manzoni e François Taillandier.

Assim, mesmo representando um certo desperdício para quem pagou para ver The Tourist no cinema, quem foi nas sessões baratas deve ter aproveitado e quem vai ver em casa também. Os dois protagonistas são bons e conseguem disfarçar de maneira razoável as falhas do filme, além de serem lindos, claro. É um entretenimento fácil e razoavelmente indolor, embora pareça mais longo que sua uma hora e quarenta minutos.