Divagações: The Adjustment Bureau

Quando vi o trailer de The Adjustment Bureau , não pude deixar de pensar que seria mais um filme de correria e perseguições, talvez remetend...

Quando vi o trailer de The Adjustment Bureau, não pude deixar de pensar que seria mais um filme de correria e perseguições, talvez remetendo Matt Damon ao tão bem conhecido papel de Jason Bourne. No entanto, eu não poderia estar mais enganado neste aspecto, pois um romance era mais do que inesperado.

O filme começa muito bem, contando a empolgante campanha de David Norris (Matt Damon) para o senado americano. O político jovem e carismático, é dado como favorito nas urnas, até que certos pontos no seu passado começam a vir a tona na mídia e, com isso, toda a sua campanha cai por terra. É em um momento de desespero que ele conhece Elise Sellas (Emily Blunt), uma mulher misteriosa que exerce uma instantânea atração para Norris e o inspira a continuar na disputa. Neste ponto, somos apresentados aos "agentes do destino", uma organização enigmática que tem como função manter tudo dentro do plano designado. Devido a um erro operacional, os agentes não só falham em impedir um reencontro entre os dois, algo completamente fora dos planos, como são descobertos pelo próprio Norris. Forçados a explicar tudo para o protagonista, eles deixam uma coisa bem clara: ele não deve se aproximar novamente de Elise. Mas quem disse que ele vai desistir só por causa disso?

É sobre este ponto que orbita The Adjustment Bureau. Sai a correria e entra a luta de um homem contra o próprio destino. Será que realmente existe um livre arbítrio? Até onde devemos desistir das nossas vontades para realizar o chamado bem comum?

Muitas destas questões são levantadas, mas realmente poucas delas tem respostas satisfatórias, fazendo com que o filme levante certos sentimentos dúbios em seu espectador. Certo, o roteiro é bem amarrado (apesar da premissa absolutamente inverossímil), os atores são bons e a produção é competente. Então por que eu não estou nem um pouco empolgado?

Acredito que falta certo espírito em The Adjustment Bureau, algo como um diferencial. O filme não consegue escapar do estigma de ser um romance onde forças superiores querem manter um casal separado e, bom, nós já vimos isso a exaustão. A parte de ficção científica não é tão bem trabalhada quanto poderia ser, faltando explicações e uma mitologia interna. Dá a impressão de que as coisas estão ali e acontecem do jeito que são apenas porque assim foi definido. Em síntese, a trama é toda costurada por motivações fracas. Talvez a história fosse mais bem-sucedida se enveredasse para algum outro lado, com todas estas discussões de escala cósmica não reduzidas a um simples romance. É essa discrepância de forças que nos leva a pensar que todo este barulho está sendo feito por pouca coisa e que nenhuma das partes tem motivos realmente bons. Como gerar simpatia com os personagens desse jeito?

O filme é bem feito, não posso negar. Tem algumas boas cenas, uma boa mensagem final, mas muito potencial desperdiçado. The Adjustment Bureau falha especialmente em intrigar e em conduzir a trama com brilhantismo. É um filme que não tem defeitos o suficiente para ser chamado de ruim, quanto mais qualidades o bastante para ser considerado bom. Assista, mas com reticências. Afinal, nas palavras do próprio filme, é uma obra cujo destino é eventualmente, o esquecimento.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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