Antes de falar do filme tenho uma reclamação a fazer. Projetistas queridos do meu coração: acertem o foco antes de começar a exibição – usem as propagandas se a coisa estiver complicada (os trailers, apenas em último caso). Eu sou míope e uso óculos justamente porque não acho legal ficar vendo tudo borrado, assim, não façam com que eu me sinta pior! Sim, todo o filme ficou desfocado e eu acredito não ter sido a única a voltar para casa com dor de cabeça... Enfim, voltando à programação normal.

Em 2009, uma comédia aparentemente despretensiosa (mas com Mike Tyson no elenco) conquistou os estadunidenses – e boa parte do mundo. The Hangover era divertido, inovador e trazia um novo fôlego para a comédia, um gênero que tende a ser cheio de modismos. Era um filme esperto, que sabia que é mais legal dar a entender do que mostrar (o que é válido para qualquer gênero). Nem preciso dizer que o maior perigo de uma continuação era, justamente, repetir a história e, pior, sem o mesma charme.

O detalhe é que foi exatamente isso o que aconteceu em The Hangover Part II. Dessa vez, o dentista Stu (Ed Helms) é o noivo que se mete em uma encrenca às vésperas de seu casamento. A (grande) diferença é que ao invés de perderem o noivo, quem some agora é o irmãozinho de 16 anos da noiva, Teddy (Mason Lee). O cenário também é um pouco diferente: ao invés da glamorosa Las Vegas, o filme traz a suja e, na falta de definição melhor, pervertida Bancoc. Além disso, todos os personagens estão de volta, inclusive Alan (Zach Galifianakis), o responsável por toda a confusão no filme anterior, e Mr. Chow (Ken Jeong), o criminoso internacional engraçadão. Dito isso, nem preciso esconder que o filme transformou o anterior em uma fórmula e a repetiu a risca. Nem mesmo os novos personagens, como o ameaçador Kingsley (Paul Giamatti) fazem muita diferença. Tudo é muito parecido.

Ou seja, só veja se você está com saudades do primeiro filme. Felizmente, eu estava. As piadas são tão engraçadas quanto e os absurdos cometidos pelos personagens durante a noite da qual ninguém lembra são realmente fora de série. Só não leve aquela sua tia chata para o cinema, porque algumas cenas são bem fortes e ela pode acabar bem chocada (ou leve, se quiser um puxão na orelha depois). A impressão que eu tive, inclusive, foi que os produtores sabiam que receberiam uma censura alta, então aproveitaram para realmente avacalhar. Só não saia antes do final do filme porque o casamento proporciona cenas muito legais, assim como as (agora, tradicionais) fotos exibidas junto com os créditos.

Ainda assim, não sei se haverá uma terceira parte. Afinal, o único solteiro restante na turminha é Alan e as chances dele conseguir uma noiva não são das mais altas... Também não sei até que ponto as pessoas estariam dispostas a ver o mesmo filme pela terceira vez, por mais que Bradley Cooper seja bonito (esse é um motivo válido, ok?). A única possibilidade seria a série se reinventar – o que poderia arruinar o título nacional. De qualquer forma, The Hangover Part II ainda representa a sua melhor oportunidade de conseguir dar boas risadas com os filmes atualmente em cartaz. E que venham suas imitações até que a fórmula canse e surja algo novo e tão bom quanto.