Divagações: Green Lantern
18.8.11Para quem gosta de super-heróis, esta estação tem sido um prato cheio. Depois de Thor e Captain América: The First Avenger, essa é a vez da DC Entertainment apostar alto com a estreia de Green Lantern. Sim, muitos achavam que este filme nunca sairia do papel, que ainda era cedo para Hollywood pensar em fazer um herói de escala tão cósmica. Afinal, tudo que havia funcionado até agora eram filmes sobre heróis urbanos enfrentando problemas bem menores do que o destino da galáxia. Até o pobre Superman, que em suas histórias salva civilizações inteiras, no cinema chega a ter problemas com escroques de quinta categoria.
Muitos boatos depois, Green Lantern finalmente desembarca nos cinemas, para a alegria de alguns e para o temor de outros tantos. Confirmando os erros que muitos já previam, mas, felizmente, abrindo portas para uma franquia que tem material de sobra para se desenvolver bem daqui para frente.
Para quem nunca ouviu falar do herói, o filme oferece uma boa apresentação. Embora não seja completamente fiel ao que temos nos quadrinhos, os pontos chaves mais importantes do personagem são mantidos. Hal Jordan (Ryan Reynolds) é um piloto de caças, que carrega consigo o trauma da morte do pai em um acidente. No entanto, ao contrário da sua persona em outras mídias, o Hal Jordan de Reynolds é desleixado e canastrão, um pouco longe da pose de mauricinho dos quadrinhos – o que o leva a vários conflitos com a chefe e interesse amoroso, Carol Ferris (Blake Lively). A vida dele, contudo, muda do dia para a noite, quando Abin Sur (Temuera Morrison), um lendário combatente da tropa dos lanternas verdes, cai na Terra ferido após uma emboscada do vilão Parallax (Clancy Brown). Abin Sur, então, busca um novo dono para o seu anel e, como não podia deixar de ser, Hal Jordan é o escolhido. Mesmo enfrentando resistência dos outros membros da tropa, como Sinestro (Mark Strong) que busca desesperadamente um jeito de derrotar este novo oponente, Jordan assume a tarefa.
A trama é simples, mas poderia render muito mais se focasse no que os personagens podem fazer do que nos dilemas pessoais do protagonista. Sim, esse é um filme onde uma história mais descompromissada se encaixaria muito melhor do que uma constante tentativa de ensinar que uma pessoa deve encarar os seus medos. Para alguém que o próprio filme insiste em chamar de ‘homem de ação’, Hal Jordan pensa e se questiona demais. Uma característica que, invariavelmente, leva o filme a parecer tedioso em alguns pontos.
Outro ponto a ser destacado é o excesso de Computação Gráfica (CG), o que beneficia o efeito do 3D, mesmo que em detrimento da veracidade das cenas. Isso me leva a concluir que ainda não estamos preparados para um filme desta escala com a tecnologia apresentada – tudo em Green Lantern parece ser plástico e falso demais. Aprecio as boas intenções de tentar levar aos cinemas os heróis de escalas cósmicas (o que foi feito um pouco melhor com Thor), mas convenhamos que o resultado final não passa de aceitável.
Ainda assim, senti muita paixão em alguns aspectos da produção. O mundo de Oa e os outros patrulheiros da tropa são bem detalhados e fiéis aos quadrinhos. O treinamento de Jordan com o alienígena brucutu Kilowog (Michael Clarke Duncan), um dos mais famosos representantes da tropa, é, sem dúvida, uma das melhores sequências do filme, pois mostra as muitas possibilidades de ação que o recurso do anel poderia trazer. Pena que estas expectativas não se concretizem e os poderes acabem sendo tão subutilizados (até mesmo a sequência final é um pouco decepcionante). A impressão que fica é de que o orçamento para efeitos foi um pouco limitado para momentos não tão importantes dentro da trama.
Ao final saí com a sensação de que Green Lantern não funciona muito bem como filme individual. O ritmo é truncado e ele falha em mostrar em alguns momentos aquilo que gostaríamos de ver. Entretanto, se essa for apenas uma forma de apresentar o personagem e preparar terreno para outras histórias mais interessantes, como ficou implícito no fim do filme, Green Lantern se torna digerível. Se você realmente se interessar pelo personagem, fique a vontade para ir ao cinema, mas quem esperar pelo DVD não estará perdendo nada demais.
Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle
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Nem vou esperá-lo em DVD, tem cara de filme que nem vale a locação.
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