Divagações: Crazy, Stupid, Love

Quando me sentei na poltrona do cinema para assistir Crazy, Stupid, Love , achei que assistiria a uma comédia romântica um pouco vulgar e re...

Quando me sentei na poltrona do cinema para assistir Crazy, Stupid, Love, achei que assistiria a uma comédia romântica um pouco vulgar e repleta de humor pastelão – e não me culpem se Steve Carell inspira esse tipo de sensação. Talvez os próprios materiais de divulgação reforçassem essa ideia, mas fico contente em dizer que, por mais que Crazy, Stupid, Love tenha falhas (muitas delas já esperadas), tem também grandes qualidades que eu certamente não esperava ver.

A linha narrativa principal é centrada em Cal (Steve Carell), um sujeito comum de meia idade que vê o seu longevo e aparentemente bem sucedido casamento acabar após descobrir que sua esposa Emily (Julianne Moore) teve um caso com um de seus colegas de trabalho. Cal, então, se depara com Jacob (Ryan Gosling), um playboy bonitão que oferece a ele a chance de mudar de vida, ao se transformar em um verdadeiro Casanova.

Apesar disso, acho importante dizer que não se trata de uma história apenas sobre Cal. Aliás, uma das coisas mais interessantes desse filme é justamente o fato de que ele sabe balancear o tempo dado para desenvolver os personagens. Ainda assim, não consigo falar muito sem estragar algumas surpresas, mas diversas outras personagens aparecem durante a trama, como Hannah (Emma Stone) e Kate (Marisa Tomei). Aos poucos, elas vão se misturando à narrativa de forma bastante orgânica e divertida, mas sem sair do tema principal do filme: as diversas formas de ver e viver o amor.

As atuações são bastante competentes, até mesmo Carell, que instila o ódio de algumas pessoas por causa de seus papeis anteriores, está simpático e consegue ser digno de pena sem parecer um completo idiota. Gosling, que havia feito alguns papéis dramáticos anteriormente, não brilha, mas também mostra que pode fazer comédia com um bom timing e uma interpretação a altura. Até mesmo o núcleo mais jovem, composto por Robbie (Jonah Bobo), o filho de Cal, e a babá Jessica (Analeigh Tipton), não faz feio, sendo responsável por muitos momentos interessantes – e constrangedores, tenho de admitir – do filme.

Como já disse, esperava ver neste filme algo mais vulgar, tanto no seu humor, quanto no próprio conteúdo. Mas Crazy, Stupid, Love se mostra bastante contido e até mesmo singelo em alguns momentos. Quero dizer, esse não é exatamente um filme família, mas certamente não escandalizará ninguém.

Por fim, acredito que Crazy, Stupid, Love seja suficientemente interessante, leve e divertido. Não é necessariamente brilhante ou original, mas entrega exatamente aquilo que todos esperavam, uma boa comédia romântica para se ver a dois. No entanto, aviso que essa sua qualidade também é um de seus maiores defeitos, pois o filme só consegue interessar aqueles que se dispõem a isso, não funcionando tão bem para aqueles que não acham o gênero muito atraente ou para os incapazes de abrandar o senso crítico durante suas quase duas horas. Mas se você estiver disposto a deixar rolar e se divertir, pode ter certeza, Crazy, Stupid, Love não vai decepcionar.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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