Divagações: The Three Musketeers

Tenho a impressão que já faz um bom tempo que não escrevo nada para o Cinema de Novo, mas vocês não podem me culpar, pois a agenda de la...

Tenho a impressão que já faz um bom tempo que não escrevo nada para o Cinema de Novo, mas vocês não podem me culpar, pois a agenda de lançamentos anda bem fraca. É justamente por isso que resolvi ir assistir The Three Musketeers mesmo sem estar particularmente empolgado pelo filme, afinal, não é de hoje que fico um pouco receoso com "releituras" de clássicos da literatura.

Levemente – tão pouco quanto possível, acredite – baseado do romance de Alexandre Dumas, The Three Musketeers inicia com um pequeno prólogo onde Athos (Matthew Macfadyen), Aramis (Luke Evans) e Porthos (Ray Stevenson), os três mosqueteiros do título, estão em meio a uma missão. Eles são encarregados de recuperar um projeto perdido de DaVinci de uma suposta máquina de guerra invencível, mas são logo traídos por Milady de Winter (Milla Jovovich), o interesse romântico de Athos, que os entrega para o duque de Buckingham (Orlando Bloom), levando os mosqueteiros a desgraça pública e a sua ruína.

Depois deste pequeno interlúdio, o filme efetivamente começa com D'Artagnan (Logan Lerman), um rapaz impulsivo e agressivo, partindo para Paris para ser um mosqueteiro como fora o seu pai. Mas, ao chegar lá, encontra seus heróis falidos e esquecidos. As coisas mudam quando o cardeal Richelieu (Christoph Waltz) começa a executar o seu plano de jogar o país na guerra contra a Inglaterra, para assim tomar o trono. Os mosqueteiros veem nisso a oportunidade de salvar a França e voltar aos seus dias de glória.

Já nas cenas de ação que abrem o filme, você consegue entender como a história foi concebida. É bem claro que os produtores, ao verem o Sherlock Holmes de Guy Ritchie, entraram em frenesi e afirmaram veementemente que queriam algo similar com a história dos três mosqueteiros. Câmera lenta, visual steampunk, está tudo lá como um pastiche inacabado do visual que Richie deu ao seu filme.

Contudo, acho que o maior defeito é o ar de produção barata que rodeia o filme. Os efeitos especiais são bastante rudimentares, muitos acessórios não sobrevivem a um olhar mais atento e até o elenco carece de grandes nomes. Mesmo o 3D, que deveria ser um dos pontos fortes deste filme, não é tão bem empregado a ponto de trazer um diferencial para a qualidade da película. Além disso, os personagens são extremamente caricatos e pouco desenvolvidos. Com a exceção de D'Artagnan, que recebe mais tempo em cena, os outros mosqueteiros tem um desenvolvimento pessoal praticamente nulo, saindo da película quase tão irrelevantes como entraram.

Mas aonde quero chegar com todas estas críticas? The Three Musketeers não funciona no cinema, sua qualidade é muito frágil e questionável para isso. No entanto, isso não significa que nada dali possa ser aproveitado. É um destes casos onde o filme foi simplesmente concebido para a mídia errada. Se fosse feito para a televisão, até mesmo como um seriado, certamente a experiência seria mais interessante e completa.

Não posso dizer que temos aqui uma bomba, mas é um daqueles filmes irrelevantes que acabam afundando em meio a lançamentos mais empolgantes. Talvez não traga tantas discussões sobre a sua falta de qualidade como aconteceu com Conan the Barbarian, contudo, tampouco será apontado posteriormente como um filme minimamente interessante. Se você busca um filme de aventura para ver com a garotada no feriado ou prefere algo mais família, The Three Musketeers talvez funcione para você. Caso contrário, não se sinta mal em dispensar o programa, você não estará perdendo nada.


Texto: Vinicius Ricardo Tomal
Edição: Renata Bossle

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